Maestro Fernando Ortiz de Villate é eleito imortal da Academia de Música do Brasil

Atualmente exerce o cargo de Diretor Artístico e Regente da Orquestra Sinfônica de Botucatu

Da Redação

Nas paredes, quadros de Mozart, Villa-Lobos e tantos outros músicos cujas composições ele já tocou e regeu pelo mundo. Ao centro, um piano de cauda, instrumento que ele toca desde os seis anos de idade. Foram essas figuras tão familiares as primeiras que o maestro Fernando Ortiz de Villate avistou quando adentrou no restaurante Amadeus, na capital paulista, na noite de primeiro de março.

À sua espera, Luis Roberto von Stecher Trench, presidente da Academia de Música do Brasil e da Academia de Música do Rio de Janeiro (AMRJ). E por falta de um, dois motivos levaram o regente da Orquestra Sinfônica Municipal de Botucatu (OSMB) ao prestigiado encontro: as condecorações como imortal e acadêmico correspondente das entidades, respectivamente.

“Ele representa a cultura da cidade de Botucatu e tem sido um dos regentes mais ativos no interior de São Paulo”, introduziu o presidente das academias ao falar sobre Fernando na cerimônia, que também reconheceu outras figuras culturais do Brasil e de Portugal.

Crítico há 30 anos e consultor de cultura do Governo do Estado de São Paulo, foi o próprio Luis Roberto von Stecher Trench o responsável pela escolha do maestro para receber as honrarias. “Existe um número significativo de regentes que são muito bons mas que são pouco conhecidos e reconhecidos pela mídia”, afirma. “O Ortiz de Villate é um desses regentes de muito boa qualidade.”

Os músicos se conheceram anos atrás em outra premiação, e desde então o presidente vem acompanhando o trabalho de Fernando, cuja qualidade chamou sua atenção. “Ele sempre muito sério, competente, trabalhador, profissional. O pulso dele como regente é ótimo, ele consegue estabelecer um respeito entre os músicos, fora a musicalidade”, elenca Von Stecher Trench ao falar sobre os motivos que levaram ao reconhecimento ilustre.

“Foi uma grande alegria para mim. Esta noite ficará guardada com muito carinho e gratidão”, declara Fernando, que posteriormente recebera uma Moção de Aplausos na Câmara Municipal de Botucatu pelos títulos.

Título inédito

De acordo com os requisitos das academias brasileiras, é possível condecorar estrangeiros desde que residam e trabalhem no Brasil há no mínimo cinco anos. Fernando Ortiz de Villate, nascido no Peru, chegou ao país em 2006, para estudar no Conservatório de Tatuí. Em 2016, foi eleito regente da OSMB e desde a sua chegada já regeu mais de 15 orquestras em São Paulo, no interior e na capital.

E embora haja outros estrangeiros com este título, Fernando é o primeiro correspondente peruano da AMRJ. “Me encanta poder incentivar estrangeiros que lutam pela música brasileira”, ressalta Von Stecher Trench. 

“Eu fiquei muito lisonjeado, me senti bastante valorizado. E isso é muito bonito porque eu venho lutando. Sair do seu país e da sua cultura para portar em outra não é fácil, mas que bonito que as pessoas abrem as portas e reconhecem esse esforço”, declara Fernando, que guarda os novos títulos junto a outros, como de cidadão botucatuense.

No restaurante Amadeus, Mozart e Villa-Lobos assistiram, e sem dúvidas os aplausos calorosos da plateia presente também emanaram o reconhecimento dos músicos históricos. Afinal, décadas depois, Fernando ainda ressoa uma das maiores premissas de Tuhu: fazer o mundo inteiro cantar.

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