XV Turma de Medicina comemora 40 anos de graduação

Uma placa comemorativa aos 40 anos foi descerrada pela diretora e vice-diretora da FMB

Da Redação

Em sessão solene da Congregação realizada no salão nobre na sexta-feira, 14 de outubro, a Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB/UNESP) comemorou os 40 anos de graduação da XV Turma do curso de Medicina. O evento foi presidido pela diretora da FMB, professora Maria Cristina Pereira Lima e a mesa das autoridades foi composta pela vice-diretora da FMB, professora Jacqueline Costa Teixeira Caramori; pelo superintendente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB), professor André Luis Balbi e pelo presidente da Fundação para o Desenvolvimento Médico e Hospitalar (Famesp), Antonio Rugolo Júnior, um dos alunos da XV Turma.

Coube à Dra. Albina Rodrigues Torres, professora aposentada do Departamento de Neurologia, Psicologia e Psiquiatria da FMB fazer o discurso de agradecimento em nome dos demais colegas, recordando momentos marcantes da turma e ressaltando a importância do papel formador da FMB, uma das mais respeitadas escolas médicas do país. Foram homenageados os professores Luiz Eduardo Naresse, Silvio Alencar Marques e Ligia Niéro de Melo, esta última marcando presença na cerimônia e brindando o público com um número musical.

Uma placa comemorativa aos 40 anos de graduação foi descerrada pela diretora e vice-diretora da FMB, além do representante da XV Turma, o professor Sérgio Swain Müller, que dirigiu a instituição entre os anos de 2007 e 2011. Os médicos e médicas foram condecorados com certificados alusivos à data. No sábado, 15 de outubro, a programação das comemorações dos 40 anos de formatura incluiu plantio de árvore e visita ao complexo administrativo da FMB, à Central de Aulas e ao Centro de Memória.

Ao fazer uso da palavra, a Professora Jacqueline Caramori afirmou que receber os ex-alunos de forma solene depois de 40 anos é uma forma de reverenciá-los e de preservar a memória da instituição, que em 2023 completará 60 anos de atividades. A vice-diretora destacou o crescimento da FMB, a parceria exitosa com o Hospital das Clínicas, as mudanças curriculares que desde 2019 transformaram o curso de medicina em um dos mais modernos e abrangentes do país e o caráter inovador no campo das políticas afirmativas que tem transformado o ambiente universitário.
“Há dez anos, a Unesp foi a primeira universidade de São Paulo a assumir as ações afirmativas. Isso transforma a vida das pessoas e diminui a desigualdade no ensino superior. Desde 2014, nos cursos de Medicina e Enfermagem, trezentos estudantes ingressaram através das cotas sociais e cento e oito pelas cotas raciais. Diante disso só cresceu a luta pelas políticas que garantam a permanência de estudantes na universidade. A Unesp tem claras frentes de combate à exclusão e ao preconceito. Apoia as meninas e mulheres, se estrutura no combate ao capacitismo, racismo e homofobia”, declarou. 

Através do tempo

A professora Maria Cristina Pereira Lima iniciou seu discurso informando aos presentes que a comemoração dos 40 anos da XV Turma marcava a primeira solenidade sem a utilização de máscaras, acessório obrigatório durante a fase mais aguda da pandemia de Covid-19. E como faz habitualmente, lembrou que a chegada dos alunos a Botucatu, em 1977, aconteceu no mesmo ano em que o Brasil e o mundo perdiam Clarice Lispector, Maria Callas e Elvis Presley; Pelé fazia seu último jogo como atleta profissional; os cinemas assistiam ao lançamento de Star Wars e eram descobertos os anéis de Saturno.

“Eram outros tempos. Não havia o SUS, nem eleições diretas. Naquele ano a mortalidade infantil era em torno de cem óbitos a cada mil nascidos vivos. Entre 1972 e 1976 mostram que um milhão e meio de crianças morreram por causas evitáveis associas à desnutrição e falta de saneamento básico. Para se ter uma ideia, em 2019, a taxa de mortalidade infantil no país estava em torno de treze óbitos por mil menores de um ano. Isto significa uma robusta mudança”, comentou.

A diretora da FMB citou integrantes da XV Turma que tiveram papel relevante para o crescimento da instituição. Entre eles o professor Emílio Curcelli, que ocupava o cargo de superintendente no momento em que o HCFMB foi autarquizado; o professor Sérgio Müller, que foi diretor da faculdade e hoje compõe a assessoria do Instituto Butantã e o professor Antonio Rugolo Júnior, que na presidência da Famesp tem se mostrado um defensor das instituições e trabalhado pelo fortalecimento do SUS.

“Esta cultura de construção coletiva é algo que está no DNA de muitos dos pioneiros desta escola. E, se crescemos, devemos isso esforço de muitos professores, alunos e servidores que se dedicaram a esta causa. Alguns de vocês seguiram o caminho da docência e são referências em suas áreas, dando sequência a este círculo virtuoso de formação de profissionais de saúde para um país tão necessitado. Outros, no exercício da prática médica, cuidaram e aliviaram o sofrimento de milhares de pessoas. Todos vocês, cada um ao seu modo, contribuíram com o crescimento dessa escola. No mínimo, quando eram estudantes, e emprestaram a ela sua energia e seus sonhos”, declarou.

Ao final, fez um agradecimento especial à professora Albina Rodrigues Torres, que no período mais crítico da pandemia lhe enviou um áudio com palavras de força e conforto. “Brasileiros que vivem fora do país receberam esse áudio que atravessou o Atlântico e nos envolveu como um abraço. Querida Albina, eu já conhecia o poder do seu colo nas inúmeras oportunidades em que ele me acolheu. Mas aqui, como diretora da Faculdade, quero falar da nossa gratidão pelo trabalho que você fez e continua fazendo, mesmo formalmente aposentada, por nossos alunos e por nós. É da ordem das coisas que, de tão valiosas, não tem preço”, concluiu.