Da Agência USP
O envelhecimento precoce da pele é uma característica muito comum em pacientes com diabete. Sinais como rugas, manchas e até flacidez podem se apresentar mais cedo que o esperado, provocando um impacto na autoestima do paciente.
Para amenizar esses problemas enfrentados por pessoas com a doença metabólica, a farmacêutica Verônica Rêgo de Moraes, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP, criou um dermocosmético com formulação à base de extratos de semente de girassol e alga vermelha. “O dermocosmético foi considerado estável, pois passou em todas as etapas de estabilidade, e seguro, tanto para a pele diabética, que é uma pele mais sensível, mais propensa à reação, como para a pele saudável.”
Verônica diz que a fórmula também deixou a pele mais firme e com menos rugas aparentes, corroborando a opinião das próprias participantes da pesquisa. “O pH da pele da pessoa com diabete, que normalmente apresenta alteração, também foi corrigido, junto com a barreira hidrolipídica, fazendo com que essa pele perdesse menos água após três meses de uso do dermocosmético desenvolvido.”
Estudo clínico
O estudo clínico foi dividido em quatro grupos. No primeiro, os participantes fizeram uso de formulações à base de extrato de girassol; no segundo, com formulações à base de alga vermelha; um terceiro grupo, com uma combinação dos dois ativos; e por fim um quarto grupo recebeu placebo.
A pesquisadora explica que o tipo de diabete escolhido para análise foi o 2, que envelhece a pele através da glicação, ou seja, o açúcar interage com o colágeno fazendo com que ele perca a função de sustentação da pele. “Isso faz com que pessoas portadoras da doença tenham sinais de envelhecimento mais rápidos do que as pessoas saudáveis, pois esses aumentos de açúcar circulante no organismo fazem com que ocorra mais essa habilitação da pele e apareçam rugas e flacidez.”
Verônica lembra que pessoas com a doença possuem algumas características específicas. No estudo, as pacientes apresentavam uma perda maior de água, demonstrando que a barreira cutânea delas é mais danificada em relação à pele saudável. “É, normalmente, uma pele menos hidratada, o que corrobora com a doença, porque pessoas portadoras da doença falam que elas sempre bebem água, mas parece que estão com sede constante.” Além disso, condições como o pH mais baixo da pele e rugas mais expressivas são quadros comuns.
Patrícia Maia Campos, professora de cosmetologia e orientadora do estudo, afirma que a pesquisa serve como embasamento para a criação de novos cosméticos. Segundo a professora, para a criação de produtos dedicados aos cuidados da pele são necessários estudos que justifiquem o uso desses ativos nos cosméticos. Dessa forma, o próximo passo para que os extratos do girassol e da alga vermelha sejam utilizados na produção dos produtos é o desenvolvimento de formulações que contenham esses ativos.