O clima esfriou. Como fica o prato?
Ultrapassar a quantidade de calorias e gorduras ingeridas pode comprometer o organismo
Da Redação
Se, por um lado, a gastronomia ganha destaque durante o clima de inverno, com pratos à base de carnes gordurosas, feijoada, caldos cremosos, fondues, chocolates e guloseimas de festas julinas, por outro, é essencial não se render aos exageros. É verdade que o corpo precisa de mais calorias para manter a temperatura corporal durante o frio, como explica a nutricionista Fernanda Mangabeira. Mas a cardiologista Mayara Pachêco Gonçalves Martins alerta que o consumo excessivo pode culminar em infarto cardíaco e Acidente Vascular Cerebral (AVC).
“Equilíbrio”, portanto, é a palavra de ordem. “No frio, o corpo trabalha mais que o normal para manter a temperatura interna, e isso faz com que se queime mais calorias para manter o metabolismo ativo. Então, uma média de 200 calorias são gastas a mais do que em outros períodos do ano”, conta a nutricionista.
Ultrapassar muito a quantidade de calorias e gorduras ingeridas, inclusive, pode comprometer o funcionamento do organismo, como explica a cardiologista. “O consumo excessivo de alimentos gordurosos e calóricos aumentam os níveis de placas de colesterol, podendo, assim, causar obstruções nas coronárias, culminando em infarto cardíaco e AVC. Além disso, a má alimentação também aumenta a incidência de hipertensão, diabetes e obesidade”, salienta.
As recomendações, porém, nem sempre são seguidas, resultando em um índice maior de problemas cardíacos. “Em temperaturas mais baixas, os vasos sanguíneos sofrem constrição, aumentando, assim, a frequência do coração e, consequentemente, o consumo de oxigênio pelo músculo cardíaco. Em pacientes já suscetíveis, isso pode aumentar a chance de um infarto. Por isso a importância de uma alimentação saudável a longo prazo”.
Segundo dados do Instituto Nacional de Cardiologia divulgados pelo Ministério da Saúde (MS), as ocorrências de Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) podem aumentar em até 30%, especialmente em temperaturas abaixo de 14°C. Pacientes com idades entre 75 e 84 anos e aqueles que já apresentam doenças relacionadas ao coração são os mais vulneráveis.
Por isso, a cardiologista indica incluir no cardápio alimentos “amigos do coração”: frutas, oleaginosas, caldos e sopas preparados com legumes e verduras. A nutricionista completa que também é preciso ter preocupação especial com vitaminas, nutrientes e minerais a fim de garantir mais imunidade, evitando, por exemplo, gripes e resfriados.
“Geralmente, há uma resistência aos alimentos frios, então, a orientação é consumir frutas, nem que sejam de outras maneiras, como uma banana assada, maçã ou pera cozida com canela, que são formas mais ‘quentinhas’ delas. Os legumes e verduras podem ser refogados em vez de crus, dando uma sensação mais confortável por conta de estarem quentes. Essas são algumas alternativas para não deixar de ingerir minerais, nutrientes e sais minerais necessários ao corpo”, propõe Fernanda.
Um outro ponto que exige atenção é a hidratação. “No inverno, há um consumo menor de líquidos, mas é importante ressaltar que a hidratação deve ser mantida, e uma das opções é consumir chás”, sugere.
E, por último, mas não menos importante, a cardiologista lembra das atividades físicas. O jeito é driblar a preguiça dos dias com temperaturas mais baixas. “Pensar sempre na saúde é primordial. Não existe dica para isso, mas, sim, disciplina e determinação”, encoraja. Mas antes de sair por aí se exercitando, a médica salienta que é preciso fazer uma avaliação médica antes de iniciar qualquer atividade. “Pode ser um cardiologista ou clínico geral e, se possível, ter um acompanhamento com nutricionista e preparador físico, pois pode ser muito vantajoso”, conclui.