Estudantes de Lançóis Paulista publicam livro que conta a história da cidade

Em toda edição, sempre são doados 1.700 exemplares para uso didático à rede municipal

Da Redação

Era uma vez, uma cidade chamada Lençóis Paulista. Um dia, os alunos que lá moravam perceberam o quanto a história daquele lugar fazia parte das suas próprias vidas. Resolveram, então, escrever sobre o rio Lençóis, a Facilpa, as ruas com nomes de escritores e outros patrimônios do município, reunindo tudo no livro “Lençóis Paulista – A cidade da gente”. A obra, com 80 páginas, foi lançada nesta quinta-feira, dia 9, no Teatro Municipal Adélia Lorenzetti.

“Lençóis Paulista – A cidade da gente” é um projeto que faz parte da coleção homônima, para retratar as histórias de municípios brasileiros de norte a sul do país, sempre em parceria com professores e alunos das escolas públicas locais. Ao todo, 36 cidades já tiveram ou estão tendo sua história narrada sob a ótica de seus estudantes, que assinam como coautores das obras, supervisionados por escritores e ilustradores profissionais da editora Olhares.

No caso de Lençóis Paulistas, o projeto contou com o apoio da Secretaria Municipal de Educação e o patrocinado da Lwart, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Foram quatro escolas municipais de Ensino Fundamental (EMEF) participantes: Philomena Briquesi Boo; Profª Idalina Canova de Barros; Profª Lina Bosi Canova e Guiomar Furtunata Coneglian Borcat.

Todas elas incentivaram a visita dos alunos a pontos culturais de Lençóis Paulista, como o bairro Cecap, onde descobriram o porquê daquelas ruas e avenidas terem o nome de escritores. As ruas Cora Coralina, Jorge Amado, Janete Clair e Carlos Drummond de Andrade foram assim chamadas depois que o escritor Orígenes Lessa propôs um leilão de livros aos seus colegas da Academia Brasileira de Letras. Na época, quem doasse mais volumes para a Biblioteca de Lençóis viraria nome de rua.

Os alunos descobriram que a cidade tem uma forte ligação com a música, ao pesquisarem a trajetória do maestro Júlio Ferrari. Inspirada nas informações coletadas sobre mais essa tradição do município, a criançada chegou a compor um samba para o livro, que mereceu os arranjos de violão do próprio professor da escola.

A nutricionista, responsável pela merenda nas escolas, também virou personagem da obra, com sua  receita de farofa com linguiça, farinha de mandioca, manteiga, cebola, alho e cheiro-verde. Outra descoberta relevante foi a história por trás dos nomes do Parque do Paradão e da rua XV de Novembro.

Projeto premiado – Cada livro da coleção “Cidade da Gente” conta a história de um município brasileiro a partir de seus patrimônios, seguindo um roteiro de temas locais sugeridos por gestores e professores das redes municipais de ensino. Após a divisão dos assuntos, as turmas são incentivadas a investigar e dissertar sobre ele, tornando-se guias literários dos escritores envolvidos. “O projeto investe em uma via de mão dupla, com a pesquisa, a leitura e a escrita ajudando as crianças a valorizarem seus locais de origem e, ao mesmo tempo, aproveitando esse vínculo geográfico para estimular o aprendizado”, considera José Santos, um dos escritores parceiros.

Produzido em geral em pequenos e médios municípios, os livros da coleção tendem a se tornar importantes referências de conhecimento para as cidades participantes, com linguagem acessível mesmo para quem não tem hábito de leitura e com a vantagem de trazer o ponto de vista das crianças locais. Em toda edição, sempre são doados 1.700 exemplares para uso didático à rede municipal de educação.

Em 2019, a iniciativa venceu o prêmio Retratos da Leitura 2019, promovido pelo Instituto Pró-Livro para reconhecer ações destacadas de incentivo à leitura em todo o país. O projeto é um importante apoio ao aprendizado, trazendo uma oportunidade de que ele aconteça a partir de temas locais e de interesse próximo para as crianças, valorizando seu senso crítico e sua produção autoral, como preconiza a Base Nacional Curricular Comum, do Ministério da Educação.

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