Objetivo é preservar a integridade do local, que é de extrema raridade e atrativo cênico
Da Redação
O potencial turístico de Botucatu e das cidades vizinhas, como Pardinho e Bofete, é conhecido por todo o estado de São Paulo. Por ano, as cidades recebem uma enorme quantidade de turistas que viajam até o local para explorar as belezas naturais da região.
Declaradas como Município de Interesse Turístico, essas cidades vêm recebendo cada vez mais o apoio de iniciativas que visam fomentar esse setor. Na última sessão ordinária da Câmara Municipal de Botucatu, por exemplo, os vereadores Lelo Pagani (PSDB), Palhinha (União) e Silvio dos Santos (Republicanos) fizeram um requerimento solicitando estudos para tornar o conjunto Gigante Adormecido e Três Pedras em Monumento Natural. Segundo os parlamentares, o objetivo é valorizar ainda mais a região e constituir um atrativo regional para o turismo paulista e nacional.
“Assim, ao analisar a importância do conjunto do Gigante Adormecido e Três Pedras, seja ele geológico, geomorfológico, geográfico, histórico ou cultural, a verdade é que esse marco no território é extremamente significativo para a região e merece o seu tombamento pelo Poder Público Estadual como uma Unidade de Conservação, notadamente um Monumento Natural”, disse o vereador Lelo Pagani.
Ainda segundo os autores do requerimento, outro objetivo é preservar a integridade do local, que é de extrema raridade e atrativo cênico.
O documento foi oficiado à secretária Estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística – SEMIL, Natália Resende, e ao diretor executivo da Fundação Florestal do Estado de São Paulo, Rodrigo Levkovicz. O documento foi enviado ainda ao prefeito de Botucatu, Mário Pardini; ao prefeito de Pardinho, José Luiz Virginio dos Santos, e ao prefeito de Bofete, Claudécio José Ebúrneo. Uma cópia foi enviada também ao secretário do Verde de Botucatu, Fillipe Martins de Morais.
Importância geográfica e histórica
O Gigante Adormecido e as Três Pedras estão localizados na divisa entre os municípios de Botucatu, Pardinho e Bofete. Além de formar um dos pontos turísticos mais conhecidos da região, o conjunto está situado no topo da Cuesta Basáltica.
A Cuesta é formada por um singular arranjo na topografia, composto por três Geossistemas. O IBGE define a Cuesta como uma forma de relevo assimétrica, apresentando frente escarpada, modelada por processos erosivos e o reverso que tem como característica a baixa declividade. O arcabouço geológico da Cuesta é formado por estratos de basalto, cobertos por formações areníticas que se intercalam entre eles. A extensão e a distribuição dos afloramentos de basalto alcançam certa importância econômica, já que é da decomposição desta rocha que se originam os solos de Terra Roxa, muito férteis e de alta produtividade agrícola.
Uma viagem ao passado
Do ponto de vista histórico, as matas que circundavam a Cuesta abrigavam indígenas da etnia Kaingang, que ocupavam uma vasta área. Um dos grupos que predominava na região de Botucatu era conhecido como Xocrés, caçadores/coletores. Assim como os Kaingang, os Guaranis, também nômades, ocupavam um vasto território, que se alargava de partes do Estado de São Paulo ao Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraguai e Argentina. Em função de sua posição de destaque na paisagem, o conjunto do Gigante Adormecido constituía um importante ponto de referência para as populações nativas que circulavam pelo território.
Além disso, existem muitas lendas acerca da história do Gigante Adormecido, uma delas é que o sacerdote austríaco, frei Fidélis da Mota, foi transferido para Botucatu em 1952 e, como estudioso e conhecedor do idioma sumério, elaborou uma excêntrica teoria em torno das Três Pedras.
Segundo o sacerdote, os nomes das cidades da região, na língua suméria, teriam significados surpreendentes e diversos deles apresentados pela língua Tupi: Botucatu seria BOT-UK-AT-U, significando, na língua suméria, “Templo ou fortaleza da serpente no meio das pedras” ou “Santuário onde as serpentes se estendem sobre as pedras”. Bofete, BO-FE-TE, seria “região dos cantores negros”; Porangaba, POR-AN-GAB-A, seria o “templo da serpente à esquerda da serra”; Anhembi, AN-NHEM-BY, seria o “templo do culto negro” e o conhecido Rio Tietê, TI-E-TE, seria o “rio do templo negro”.
Ele defendia, ainda, que os indígenas da região realizavam nessas pedras o culto negro da serpente ou cultos negros da antiga Suméria, e que a Pedra do Meio era um Templo construído por indígenas há 3.000 AC, no caso o Templo da Serpente.