Margareth Santini é a mais nova Livre-Docente da Unesp Botucatu

Foi realizada pesquisa de abordagem quantitativa e qualitativa

Da Redação

Entre os dias 28 de fevereiro e 1º de março, a professora Margareth Aparecida Santini de Almeida participou de concurso público para obtenção do título de Livre-Docente em Ciências Sociais e Saúde, no conjunto das disciplinas “Saúde e Sociedade I e II”, do Departamento de Saúde Pública da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB/UNESP).

O processo teve início com o sorteio do ponto para a prova didática seguido da instalação da bancada examinadora composta pela Professora Titular Eliana Goldfarb Cyrino, da Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP; Professora Titular Cristina Maria Garcia de Lima Parada, da Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP; Professora Associada Lilia Blima Scharaiber da Universidade de São Paulo – USP; Professor Titular Angelo dos Santos Soares, da University of Quebec in Montreal – UQAM e Professora Titular Maria Inês Rauter Mancuso, da Universidade Federal de São Carlos – UFSCAR.

Na sequência foi realizada a prova didática, seguida pela prova escrita, julgamento do memorial e leitura da prova escrita. Ao final, Margareth defendeu a tese “Cê vai se arrepender de levantar a mão pra mim – um estudo com mulheres em situação de violência por parceiro íntimo”. Após atribuição das notas, o resultado foi proclamado na Sala da Congregação da FMB, com aprovação da candidata.

Tese analisou perfil da violência durante a pandemia de Covid-19

A partir da perspectiva de gênero e do patriarcado enquanto processos dialéticos, na construção de sua tese, Margareth escolheu trabalhar com uma compreensão ampliada da violência contra a mulher por parceiro íntimo no contexto da pandemia da Covid-19.

A docente buscou caracterizar o perfil das mulheres que sofreram violência por parceiro íntimo e que realizaram essa denúncia; e conhecer as motivações que levaram as mulheres a fazerem a denúncia formal no período de isolamento, na perspectiva das próprias mulheres.

Foi realizada uma pesquisa de abordagem quantitativa e qualitativa, dividida respectivamente em duas etapas. A primeira foi constituída de um levantamento e análise de dados de todos os Boletins de Ocorrência (BOs) lavrados em uma delegacia especializada no município de Botucatu, no período de 1º de março de 2020 a 28 de fevereiro de 2021. A segunda promoveu entrevistas em profundidade com algumas dessas mulheres. As entrevistas foram semiestruturadas gravadas e transcritas integralmente e sistematizadas por análise de conteúdo, na vertente temática.

Os critérios de inclusão no estudo foram: idade igual ou superior a 18 anos, o primeiro BO ter sido realizado no período considerado e o agressor ser homem. Verificou-se que 383 mulheres registraram pelo menos um BO motivado por violência por parceiro íntimo, com predominância da faixa etária entre 20 e 29 anos (34,0%), seguida da faixa de 30 a 39 anos (29,5%); 61,9% das mulheres estavam separadas/divorciadas e 72,7% eram brancas. A violência psicológica foi a mais denunciada e 84,8% das mulheres solicitaram medida protetiva.

Na segunda etapa, foram analisadas as trajetórias de 14 mulheres, possibilitando compreender como situações de violência existentes anteriormente foram ainda mais tensionadas na pandemia de Covid-19, mesmo entre as mulheres que já estavam separadas do agressor. Entre as que estavam em união no momento do BO, por ocasião da entrevista, cinco tinham se separado e quatro permaneciam em união.

“A intensificação da violência e o temor da morte fizeram com que a mulher recorresse à proteção do Estado, denunciando o agressor. Porém, foi mediante um campo de possibilidades – que abrangem, por exemplo, estar inserida no mercado de trabalho; ter o suporte social da família, de amigos e de gestores no ambiente de trabalho; e ter acesso previamente a políticas públicas – que a maioria dessas mulheres efetivamente rompeu com o ciclo de violência”, explica Margareth.

Trajetória

Margareth Aparecida Santini de Almeida possui graduação e Bacharelado e Licenciatura em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1984), mestrado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1991) e doutorado em Sociologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2001).

Atua como Professora do Departamento de Saúde Pública da Faculdade de Medicina de Botucatu/ Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Tem experiência na área de Saúde Coletiva, com ênfase em Ciências Sociais, atuando principalmente nos seguintes temas: gravidez adolescente, ensino de graduação, avaliação, violência e família.

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