Filhos de pais e mães inativos tendem a ser mais sedentários
Da Agência SP
“Os filhos são o espelho dos pais” é uma frase batida, porém descreve a realidade em determinados contextos. Foi o que mostrou, pelo menos em relação ao sedentarismo, um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) com 182 jovens entre 6 e 17 anos e seus respectivos pais.
A partir de dados obtidos por acelerômetros – dispositivos usados para medir com precisão os níveis de atividade e inatividade dos participantes – ficou comprovada uma associação direta entre os níveis de atividade física dos adultos e o comportamento sedentário dos filhos.
Os resultados do estudo mostram que filhos de pais e mães inativos tendem a ser mais sedentários. Por outro lado, quando mães e pais mantêm uma rotina ativa, é raro que os filhos não sigam pelo mesmo caminho.
Os pesquisadores verificaram que o encargo de estimular a atividade física parece pesar mais para as mães: sua influência foi mais de duas vezes superior à dos pais. Porém, não foi possível no estudo atribuir o motivo do maior impacto materno.
“Os resultados indicam que o nível de atividade física dos pais pode influenciar diretamente os hábitos dos filhos. Ou seja, quando pais mantêm uma rotina mais ativa, seus filhos têm menor propensão a permanecer longos períodos sentados”, afirma à Agência Fapesp Diego Christofaro, professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT-Unesp), campus de Presidente Prudente, e autor principal do artigo publicado na revista Sports Medicine and Health Science.
O sedentarismo na infância e na adolescência é um problema de saúde pública em diversos países do mundo. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, entre 11% e 38% das crianças e adolescentes no Brasil apresentam excesso de peso, diretamente relacionado ao baixo nível de atividade física e ao avanço do sedentarismo infantojuvenil.
O estudo, apoiado pela Fapesp, é um dos primeiros a analisar a relação entre o comportamento sedentário de pais e filhos, estratificando essas relações de acordo com o nível de atividade física dos pais. As investigações consideraram separadamente mães e pais, uma providência relevante, tendo em vista as diferenças entre homens e mulheres tanto em hábitos relativos à atividade física quanto ao comportamento sedentário.
As análises também foram ajustadas por fatores sociodemográficos, como sexo e idade das crianças e o nível socioeconômico da família. Estudos anteriores já demonstraram que a escolaridade dos pais pode influenciar significativamente tanto seus próprios hábitos quanto os de seus filhos em relação à atividade física e ao comportamento sedentário.