Botucatu receberá instituto de biossimilares no combate ao câncer
Anticorpos podem ser desenvolvidos a partir de outros medicamentos já existentes
Da Redação
Foi oficialmente lançado, em 8 de setembro, o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT), o Instituto de Desenvolvimento e Produção de Biossimilares, que passa a estar sediado na V-BioPharma, uma “fábrica-escola” localizada junto ao CEVAP/Unesp.
Com a incorporação do instituto ao Complexo Econômico-Industrial da Saúde, especialmente em biofármacos, o objetivo é que Botucatu possa ser pioneira no desenvolvimento e fabricação própria de anticorpos monoclonais (proteínas produzidas em laboratório para atacar alvos específicos no corpo) usados no tratamento de diversas doenças infecciosas, autoimunes e tumorais. No caso deste INCT, o primeiro projeto contempla o câncer de mama.
Os anticorpos monoclonais podem ser desenvolvidos a partir de outros medicamentos já existentes, chamados agora de Biossimilares, uma espécie de “matéria-prima” obtida a partir de clones de células do sangue, onde são produzidos anticorpos humanos. Com biotecnologia de ponta, esses biossimilares viram medicamentos injetáveis controlados.
Trata-se de uma alternativa terapêutica já bastante difundida no exterior, mas que no Brasil ainda encontra barreiras (especialmente comerciais). Com a criação deste INCT em Botucatu a ideia é que o País agora tenha autonomia na produção e escalonamento destes biossimilares, para que a médio/longo prazo esse tipo de tratamento chegue mais barato aos pacientes que mais precisam.
“A gente vai congregar mais de 100 pesquisadores de 40 instituições brasileiras pra desenvolver um medicamento com tecnologia 100% nacional”, enfatiza Dr. Rui Seabra, coordenador do INCT/CEVAP e diretor científico do Parque Tecnológico Botucatu, que há mais de 20 anos tem trabalhado para tirar do papel (ou da pesquisa de bancada) soluções inovadoras que agreguem benefícios práticos à saúde pública.
Próximos passos
Em junho de 2024, o prédio da V-BioPharma foi inaugurado. Agora, o projeto entra na segunda fase: a sua operacionalização, ou seja, a compra de todos os equipamentos e capacitação de toda equipe técnica. “Se tudo der certo, a partir do 2º semestre de 2026 a gente entra na fase de operação. Ou seja, todas as ações começam a funcionar”, complementa Seabra.
A fábrica-escola já possui projetos adiantados para o desenvolvimento de outros dois bioprodutos: o “Selante de Fibrina” – biocurativo desenvolvido que combina enzima do veneno de cascavel com fibrinogênio do sangue de búfalo para cicatrização de feridas e o “Soro Antiapílico” – medicamento para múltiplas picadas de abelhas. “Estes dois projetos já contam com investimentos de cerca de R$ 30 milhões para a realização das últimas fases de estudos clínicos e brevemente os veremos no nosso Sistema de Saúde Única, o SUS”, garante Seabra.
Com mais de R$ 8,7 mihões de financiamento, via Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o INCT de Botucatu deverá investir em mais capacitações além de aquisição de novos equipamentos e insumos para o projeto dos anticorpos monoclonais.
A iniciativa conta ainda apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), em parceria com o Ministério da Saúde (MS), por intermédio do Departamento de Ciência e Tecnologia (DECIT); da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (SECTICS), com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

