Em Botucatu, Wanderlei Silva dá aula e diz que não deve voltar a lutar
“Não tem nenhum evento no mundo que pague”, segundo Cachorro Louco
por Sérgio Viana | foto Ricardo Romero
Na noite de quarta-feira, dia 20 de maio, lutadores iniciantes e veteranos de diversas artes marciais tiveram um encontro especial com o lutador Wanderlei Silva, também conhecido como Cachorro Louco. Ele veio a convite da Academia Miquinho e do professor Anderson Silva [vulgo, professor Banana] que promoveu um verdadeiro aulão de exercícios, golpes e movimentos, com Wanderlei e cerca de 150 pessoas que compareceram ao Ginásio Municipal de Esportes de Botucatu.
O Cachorro Louco tem 38 anos, é curitibano, e dedicou metade da sua vida a treinar e lutar nos diferentes modalidades marciais do mundo inteiro. Em sua carreira, Wanderlei acumula 34 vitórias, 13 derrotas e 1 empate, tornando-se ídolo no Brasil, Japão, Estados Unidos e diversos ouros países.
Há cerca de um ano, o lutador brasileiro foi condenado pela Comissão Atlética de Nevada, que regulamenta os esportes de combate em Las Vegas, e impedido de lutar na cidade mestra do UFC e outros eventos de MMA, após se recusar a fazer um exame anti-dopping surpresa. Mais tarde, Silva declarou sua aposentadoria do esporte e assumiu ter ingerido medicamentos diuréticos, não permitidos, para tratar de uma lesão no punho. No entanto, na ultima segunda-feira, dia 18 de maio, a Justiça de Nevada foi favorável a um recurso interposto pelo atleta e o liberou para retornar aos octógonos de Vegas.
A respeito de um possível retorno aos combates após a decisão favorável nos EUA, Wanderlei Silva foi enfático e diz que não há quem pague por sua volta. “Não nesse momento eu não tenho a expectativa de voltar, porque não tem nenhum evento no mundo que pague… Os caras estão pagando muito pouco, o cachê tá muito baixo… E não tem ninguém no mundo agora que pague o que eu acho que estou valendo”. Nem o Ultimate Fighting Champions (UFC)? “Não. O UFC não tem cacife pra bancar o Wanderlei Silva hoje em dia”, declarou.
Questionado sobre o uso de diversas drogas por lutadores flagrados no inicio deste ano, como o brasileiro Anderson Silva [Spider], Wanderlei foi rápido e apenas afirmou repreender o uso de qualquer substância ilegal, passando a tecer críticas sobre o atual modo como a Comissão de Nevada regula o esporte.
“Eu repreendo qualquer tipo de uso de drogas. Mas o problema não é o uso das drogas [no meu caso], o problema é da Comissão, que não tem uma regulamentação. Queremos que as leis sejam claras e que seja a mesma para todo mundo. Porque o órgão que regula não pode ser conhecido por uma lei que permite que o atleta conhecido seja pego e lute, e o desconhecido não lute. É isso que a gente ta tentando corrigir agora”, comentou.
Sobre a presença em Botucatu, Wanderlei Silva disse que é uma oportunidade de divulgar o esporte, incentivar os praticantes e ensinar sobre o que pode ser feito com o que é aprendido dentro das academias. “Não é todo mundo que irá se tornar um lutador, mas eles podem aprender muito mais do que dar soco e chute”, resumiu antes fazer seus alunos de Botucatu e região começarem a se alongar e treinar seus golpes.
Wanderlei foi árbitro de luta com botucatuense
Desde 2003, a Academia Miquinho atua em Botucatu com coordenação do professor Anderson Banana,q eu também já disputou diversos torneios de combate no Brasil, mas dedica-se sobretudo ao ensinamento do Jiu-Jitsu para seus alunos. Banana explica que, hoje, o Jiu-Jitsu tem sido muito forte em Botucatu, contando com diversos campeões não só na esfera estadual, como nacional e até com destaque no exterior.
Em relação a vinda do Cachorro Louco para a cidade, Anderson destaca: “A ideia de trazer o Wanderlei Silva pra cá surgiu após a luta de um aluno faixa preta, o André Bernardo, em São José do Rio Preto, em março deste ano. A organização do evento levou o Wanderlei como figura importante do esporte e ele acabou sendo o árbitro da nossa luta”.
“Pra gente é ter um sonho realizado, ver um profissional desse ao nosso lado, que a gente fica a madrugada toda pra ver ele na televisão, pois consideramos como ídolo”, conclui.