Ex-prefeito Mário Ielo anuncia saída do PT

Político mira eleição municipal de 2016 e anuncia a filiação ao PDT

da Redação

A manhã de sexta-feira, 21 de agosto, foi amarga ao Partido dos Trabalhadores (PT) em Botucatu. O ex-prefeito de Botucatu, Antonio Mário Ielo em entrevista ao radiojornal Bom Dia Criativa sua intenção de se desfiliar da legenda e que está articulando a reativação do Diretório Municipal do Partido Democrático Trabalhista, o PDT. "Estou apresentando minha carta de desfiliação ao PT, o qual agradeço muito todos estes anos que trabalhamos e governamos juntos. Neste momento estamos buscando um posicionamento independente da conjuntura nacional", afirmou Ielo. 

A saída do ex-prefeito do PT era comentário no meio político botucatuense há alguns meses, sendo cogitados diversos outros partidos para sua filiação. "Recebi vários convites de diversos partidos, os quais agradeço; e também pela situação que o PT se encontra em nível nacional essas discussões e agressões de tudo que é lado ao Partido dos Trabalhadores e que reflete também em Botucatu. Fui procurado por diversas pessoas sobre estar ou não no partido. Comecei a fazer uma análise de como estaríamos nas próximas eleições, ainda por ser pré-candidato a prefeito.

Segundo Ielo, já há uma comissão provisória sendo articulada para a criação do diretório municipal do PDT. Alguns nomes já fazem parte do grupo como a dos ex-secretários municipais Cal Vazques, Nivaldo Ceará, Pedro Bonequini Júnior e do advogado Fernando Calonego. "Recebi um grupo que trabalhou comigo na Prefeitura incluindo secretários, surgiu uma proposta de convite junto ao PDT. Achei que era um partido que tinha afinidade conosco, que esteve ao lado do trabalhador e que defendeu o governo Lula e a presidenta Dilma. O grupo também não estava contente com a forma como a direção nacional e estadual do PT de fazer campanha. Isso culminou com a ideia de se montar novamente o diretório municipal do PDT", esclarece.

A escolha pelo PDT, segundo Ielo, se deve a questões ideológicas. Anteriormente o ex-prefeito foi sondado pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), chegando inclusive a se encontrar com o deputado Campos Machado. "Tenho uma afinidade com o PDT em sua ideologia. Não só nas questões do trabalhador, mas das políticas para mulheres, jovens e vem fazendo um trabalho no Ministéiro do Trabalho que se aproxima da nossa forma de se trabalhar. Continuamos no campo da esquerda, fazendo um trabalho principalmente para quem mais precisa. Temos o ex-senador Cristovam Buarque, o ex-ministro Cid Gomes e Ciro Gomes, e atualmente o ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias", completou.

Quanto a relação futura com o PT, Ielo diz que o assunto ainda será analisado, mas não descarta uma possível aliança para a eleição municipal de 2016. "Estamos em uma fase de formação dos partidos. A grande maioria está montando suas legendas para eleição e podem fazer coligações, que é o que pretendemos entre o PDT e partidos com o mesmo pensamento. Espero que o PT tenha sua chapa de vereadores para podermos conversar a respeito de uma aliança", reforça.

Ielo foi prefeito filiado ao PT e governou Botucatu entre os anos de 2000 a 2005, sendo reeleito em 2005 com mais de 70% dos votos válidos. Em 2012 tentou novamente o pleito à Prefeitura, obtendo 27.531 (40,94%) dos votos, perdendo para o atual prefeito, João Cury Neto (PSDB). 

Presidente do PT lamenta desfiliação e diz que partido não descarta lançar candidatura própria

O Diretório Municipal do PT em Botucatu ainda avalia os impactos provocados pela saída de Mário Ielo. Para o presidente da legenda, Everaldo Rocha, a desfiliação do ex-prefeito representa um momento de 'tristeza'.  "Não é uma desfiliação comum, pois ele era até então nossa maior referência e liderança por ter sido Prefeito. Foi um momento de tristeza. Não foi fácil pra ninguém, eu sinto isso", disse.

Não é de hoje que o ex-prefeito manifestava seu anseio em se desfiliar do partido, sendo que expressou publicamente a possibilidade também em entrevista à Rádio Criativa semanas antes. Everaldo Rocha reforça, no entanto, que a postura de Ielo já era de conhecimento do próprio PT. "Mas o bom disso tudo é uma coisa: o Ielo sempre deixou transparente a possibilidade da saída. Houve muitas conversas entre o Ielo, o (Valdemar Pereira) Pinho e o Carlos Ramos. Queríamos que ele ficasse, mas a decisão é pessoal e será respeitada. Continuo o admirando", salientou. 

Quanto à postura do partido nas próximas eleições, Rocha esclarece que a questão ainda será debatida nas próximas semanas com os filiados. "O PT ainda vai se reunir pra decidir o que fazer. O PT sempre teve candidato a prefeito, desde 1982 – ano de sua fundação. Não posso afirmar que vai ter um candidato nosso. Também não vejo problema nenhum em apoiar outro partido, mas quem decide são os filiados", afirmou o presidente. 

Rocha se diz seguro quanto à permanência da vereadora Rose Ielo (esposa de Mário Ielo), no PT, devido à Lei de Fidelidade Partidária.

Lelo Pagani anunciou a saída do PT em fevereiro

O PT também perdeu outro nome significativo dentro de seu quadro de filiados. Em fevereiro, o vereador Lelo Pagani anunciou, também em entrevista ao Bom Dia Criativa, sua intenção de deixar o partido. A intenção, segundo Pagani, é articular a criação do diretório local do Rede Sustentabilidade, partido criado pela ex-senadora Marina Silva. A legenda, no entanto, ainda não foi oficializada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “É um momento de ter novos ares, ir para um outro partido. Chegou o momento de fazer essa mudança”, disse o vereador durante a entrevista.

No entanto, Pagani ainda continua filiado ao PT, o que tem gerado críticas do próprio diretório. "O Lelo vem desde fevereiro anunciando que vai sair. Ele foi primeiro à imprensa e depois ao Partido. Espero sinceramente que o partido dele seja formado. É mais dificil reatarmos o casamento PT e Lelo Pagani, mas na política tudo é possível, se o partido dele tiver convergências com o nosso, com a esquerda, não descartamos uma coligação, assim como com o futuro partido do Ielo. O Lelo é meu amigo pessoal também, mas há divergências políticas", finalizou Everaldo Rocha.

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