Ministro da Justiça anunciar ter lista com contratantes de ônibus usados em atos antidemocráticos
Essas pessoas serão chamadas para depor e ajudar a polícia a identificar os financiadores desses atos
Da Agência Brasil
O ministro da Justiça, Flávio Dino, disse que as investigações seguirão apurando as responsabilidades pelos atos antidemocráticos registrados ontem (8) em Brasília. Segundo ele, a Polícia Federal já tem a relação dos contratantes dos ônibus que trouxeram manifestantes de diversos estados. Essas pessoas serão chamadas para depor e ajudar a polícia a identificar os financiadores desses atos. Quarenta ônibus foram apreendidos, alguns já saindo de Brasília.
Além disso, a Advocacia Geral da União (AGU) aguarda os laudos da perícia dos prédios invadidos e depredados. Caberá à AGU cobrar dos responsáveis os danos provocados. Além dos danos materiais, como vidraças, mesas e cadeiras quebradas, há uma grande quantidade de patrimônio histórico destruída ou desaparecida. Várias obras de arte e presentes de chefes de Estado estrangeiros ao Brasil, expostos no interior desses prédios, foram destruídos.
O ministro chamou o episódio de ontem de “Capitólio brasileiro”, em alusão à invasão do Congresso dos Estados Unidos, em 2021, por apoiadores de Donald Trump, derrotado nas eleições presidenciais na ocasião. “Nós vivemos ontem o Capitólio brasileiro. Com diferenças. Não houve óbitos e com mais presos aqui do que lá”. Até o momento, cerca de 1,5 mil pessoas foram presas. Dessas, 209 presas ontem, em flagrante, e outras 1,2 mil sendo ouvidas hoje, detidas pela polícia.
Dino lembrou que os terroristas que vandalizaram os prédios públicos são apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas eleições do ano passado. E afirmou, mesmo sem acusá-lo de cometer algum crime, que seu discurso contra a democracia plena e as instituições, sobretudo ao Supremo Tribunal Federal, ganharam corpo nos atos de ontem.
“Numa análise política é óbvio que nesses anos todos o ex-presidente Jair Bolsonaro e todos aqueles que o seguem dirigiram frequentes palavras contra o Supremo. Palavras têm poder, principalmente quando são de um presidente da República. Vimos que esse discurso frequente nas redes sociais ganhou braços, pernas, tiros e bombas ontem. É como se fosse a migração do universo do ódio nas redes sociais para a vida material”.