Lixo comum e material reciclável contrastam com a paisagem e belezas naturais da cuesta de Botucatu
por Flávio Fogueral. Fotos: Patrícia Shimabuku/ Aventureiros do Túnel
“Acredito ser falta de educação e respeito com o próximo e com o meio ambiente”, dessa forma desabafa a professora Patrícia Shimabuku, integrante do grupo Aventureiros do Túnel, sobre a quantidade de lixo e material descartado em estradas rurais e pontos turísticos de Botucatu.
Nos últimos anos o município adotou e consolidou o slogan de “Terra da Aventura”. As opções de visitação vão desde cachoeiras, fazendas históricas e passeios radicais, o que faz com que cada vez mais turistas e a população visitem e apreciem as belezas naturais características da cuesta.
Ao menos três pontos turísticos de Botucatu foram servem de depósito de lixo e descarte de materiais que poderiam ser reciclados: as estradas vicinais Elias Alves- que dá acesso ao Morro do Peru e Pátio 8- e Geraldo Biral- que vai para a Base da Nuvem e a cascata da Indiana, além das proximidades da linha férrea. Estes locais têm manutenção e limpeza sendo responsabilidade da Prefeitura.
Mesmo com sinalização educativa e também alertando sobre possíveis penalidades quanto ao descarte, é possível encontrar em diversos trechos repletos de materiais desde garrafas PET, roupas, papéis e vidros. Também há material de construção jogado na beira das estradas como tijolos e mesmo vaso sanitário. O que mais chama a atenção, no entanto, são móveis como sofás e restos de guarda-roupas, além de uma geladeira descartada. Em outro ponto há o painel de um carro e um pneu jogados junto à natureza.
“Não vejo que seja falta de conscientização; falta fiscalização e punição. Temos leis municipais, sem falar dos crimes ambientais”, ressalta a professora. “Fora os danos ambientais e poluição visual, existe o problema de saúde pública. Vários materiais servirão de criadouro para o Aedes Aegypti (mosquito vetor da dengue, zika vírus, etc). Desta forma, é um problema ambiental e de saúde pública; e econômico se pensarmos na questão do turismo”, complementa Patrícia.
Prefeitura afirma que faz limpeza periódica nos locais
Procurada, a Prefeitura de Botucatu, por meio da Secretaria de Obras, reforçou que os trabalhos de limpeza nos pontos turísticos citados ocorrem de maneira frequente. Segundo explicado, estes locais recebem equipes quinzenalmente e, dependendo da quantidade de lixo, conforme a necessidade. “O que acontece, infelizmente, é que assim que o poder público providencia a limpeza, dias depois mais lixo volta a ser descartado de forma criminosa nessas áreas verdes”, informa a prefeitura, por meio de nota oficial enviada.
O documento ressalta ainda que a Guarda Civil Municipal (GCM), através do Grupo de Proteção Ambiental (GPA), “realiza patrulhamento preventivo nas estradas rurais, áreas de preservação permanente e pontos críticos onde há descarte irregular de entulho”. Reforça, no entanto, a necessidade de colaboração de moradores e da população com denúncias de descarte, por meio do telefone 199. Com isso, explica o Poder Público, é possível ser feito o flagrante de crime ambiental.
Campanha Educativa
Devido à incidência de casos de descarte de lixo em pontos turísticos, foi promovida em 2015 a campanha “Cuesta Limpa”, trabalho conjunto das Secretarias de Esportes, Lazer e Turismo; Meio Ambiente e Organizações Não-Governamentais de Botucatu.
Na ocasião, campanhas educativas e visitas pontuais procuraram limpar os locais mais visitados do município. Os grupos envolvidos com a ação, explica a nota enviada, “mantêm encontros para buscar novas alternativas de enfrentar este problema”.
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