Bebidas extremamente quentes podem causar câncer no esôfago
Os estudos comprovaram, ainda, que o café feito em máquina também não provoca efeitos cancerígenos
da Redação com Agência Brasil
Bebidas quentes, acima de 65ºC, devem ser evitadas, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). A entidade divulgou esta semana um relatório com estudos que comprovaram o perigo de ingerir líquidos extremamente quentes. De acordo com as pesquisas, a temperatura elevada contribui para o surgimento de câncer de esôfago.
O estudo da OMS apontou que a temperatura elevada das bebidas é o fator que contribui para o surgimento do câncer de esôfago. “Qualquer bebida quente consumida a 65ºC ou acima é provavelmente cancerígena para o esôfago”, disse o pesquisador Luis Felipe Ribeiro Pinto. Ele e a professora da Uerj Adriana Farah são os únicos brasileiros, entre 23 cientistas de vários países, a participar da reunião da Agência Internacional para Pesquisa em Câncer, órgão da OMS, que avaliou o efeito de bebidas quentes como café, chá e chimarrão.
“A erva-mate fria não tem nenhum problema de ser consumida, porém, quente como chimarrão ou qualquer bebida, acima de 65ºC, ela foi classificada como provavelmente cancerígena para o câncer de esôfago”, explicou o cientista.
Segundo o pesquisador, o câncer de esôfago, em brasileiros, é o sexto mais comum entre os homens e o 12º entre as mulheres. Surgem anualmente 8 mil novos casos entre os homens e 3 mil entre as mulheres. No Rio Grande do Sul, o número de casos novos é de 2,5 vezes a 5 vezes o número de casos novos no resto do país. “A razão para isso é, provavelmente, o consumo de chimarrão em temperatura de 65ºC ou mais.”
Luis Felipe Ribeiro Pinto destacou que o estudo trouxe uma boa notícia para quem gosta de consumir café. “O café havia sido classificado como possivelmente cancerígeno, principalmente, com a associação com o câncer de bexiga. A boa novidade é que esta classificação caiu e agora [o café] é um composto 3. Na verdade, foi comprovado que ele não causa câncer em cinco órgãos, mama, próstata, pâncreas, fígado e endométrio, sendo que para endométrio e o fígado ele é fator protetor.”
O pesquisador, que também é vice-presidente do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), afirmou que o câncer de mama é o mais comum entre mulheres e o de próstata, frequente entre os homens no Brasil. “Isso não é devido ao café. O brasileiro pode consumir o seu café tranquilamente e sem nenhum problema. Para um dos países que mais consomem café, é economicamente um fator muito importante. É um grande resultado essa avaliação da Agência Internacional para pesquisa em Câncer.”
Os estudos comprovaram, ainda, que o café feito em máquina também não provoca efeitos cancerígenos, porque que o produto atinge temperatura em torno de 50ºC e 55ºC. “Então não é o café que representa o risco normalmente. O que representa risco é aquele que está muito quente, em volume muito alto”, completou o cientista.