Ex-prefeito disputará sua quinta eleição pelo Poder Executivo de Botucatu
por Sérgio Viana – Foto Flávio Fogueral
Aos 55 anos, Mário Ielo disputa sua quinta eleição à Prefeitura de Botucatu. Arquiteto e cartógrafo, ele enfrenta pela primeira vez as urnas concorrendo pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), legenda que reativou em Botucatu após desligar-se do Partido dos Trabalhadores (PT), pelo qual foi Prefeito de 2001 a 2008.
“Somos todos Botucatu” é o nome da coligação de Mario Ielo ao lado do ex-tucano e ex-Secretário da gestão João Cury, Caco Colenci e dos partidos PV, PTB, PMB e PSD.
O Notícias.Botucatu entrevistou o candidato do PDT, ouça na íntegra e confira o resumo abaixo:
Confira também as entrevistas com os candidatos: Reinaldinho (PR), Erick Facioli (PT), Mário Pardini (PSDB) e Gustavo Bilo (PSOL).
Por que ser Prefeito novamente?– “Justamente pela experiência que temos de dois mandatos (2001-2008) e porque sabemos que estamos numa crise econômica e política. E que precisamos unir todos aqueles que tem afinidades para o bem da cidade de Botucatu”, diz o candidato.
Diferença entre o Ielo de ontem e hoje– Correligionários e apoiadores nos bastidores e adversários, abertamente, em época de eleição afirmam que uma das características negativas de Mário Ielo é a tendência a centralizar em si projetos, ações e decisões, tanto em sua gestão, quanto em suas campanhas. “Eu não enxergo [isso] como acusação e, sim, como uma forma de enxergar a questão da centralização. Um Prefeito que se preocupa com a qualidade do seu governo, dos projetos, tem que estar presente em todos os sentidos… mantendo uma qualidade de trabalho”, ponderou.
“Você pode olhar pelo lado de que há um comando e ele tem de ser controlado e acompanhado. Eu faço isso desde a época em que fui Prefeito e nas minhas campanhas. É importante que aqueles que estão numa equipe saibam que é importante o padrão de qualidade de um serviço”.
Para se desfazer da pecha, Ielo citou ações tomadas em sua gestão que, de acordo com o candidato, aumentaram a participação social na gestão de Botucatu. “Eu quem implantei o orçamento participativo, quem ouviu mais a população, criei mais Conselhos e sei que quanto mais você tiver a participação de mais pessoas, melhor será o resultado”, frisou.
Caco Colenci vice- Sobre a parceria com o até então membro da gestão e do próprio PSDB de Botucatu, partido com quem Ielo rivalizou, em todos os seus pleitos eleitorais para Prefeito, o candidato foi ameno e comentou pouco sobre a personalidade de seu companheiro de chapa.
“Se nós, hoje, temos uma coligação com o PV e o PSD é porque nós enxergamos qualidades e condições para estarmos governando juntos. Eu enxergo hoje que a nossa chapa – PDT e PV – é a ideal. A experiência adquirida em nossos mandatos, tanto de 2001 a 2008, quanto a do Caco Colenci, de 2009 a 2016, faz com que tenhamos a maturidade necessária para o Governo dos próximos quatro anos”, ainda ressaltando a amizade que tem com a família do advogado.
Permanências e mudanças – Ielo deixa claro que acredita numa progressão positiva quanto às administrações municipais, desde que foi eleito em 2000. “No meu primeiro mandato, nós pegamos uma terra arrasada, com uma Prefeitura sucateada, endividada, e apostamos que se déssemos condições aos funcionários municipais e ampliássemos a participação popular íamos fazer um bom governo… O nosso trabalho de oito anos deu condições para que o próximo pudesse continuar com esse trabalho”, sentenciou.
“Embora a participação [popular] ter diminuído, embora termos decisões de cima pra baixo, não daquilo que a população almeja, eu acho que tivemos avanços. Avanços na manutenção da qualidade do ensino municipal, manutenção do Programa Saúde da Família, embora tenhamos um grande problema na Saúde, que é o atendimento do Pronto-Socorro”, criticou, além de falar sobre problemas de outras áreas e a costumeira protelação de entrega de obras.
“Nós não podemos ter obras que começam e demoram quatro anos para terminar. Uma obra tem que terminar no máximo em um ou dois anos. Sempre estamos crescendo, mas temos que crescer com mais qualidade e velocidade”.
Respeito pelo dinheiro público– Assim como em 2001, quando assumiu a Prefeitura de Botucatu após gestões sucessivas do PSDB local, Mário Ielo acredita que deverá rever a maioria dos contratos realizados por João Cury, a fim de averiguar a capacidade de investimento do município em áreas como Saúde, Educação e obras por um sistema viário que interligue regiões da cidade.
“Sem dúvida, qualquer Prefeito tem que rever tudo aquilo que vai encontrar. Infelizmente, vejo a possibilidade de nós estarmos voltando ao passado, onde a Prefeitura se endivida, onde não se preocupa com seus gastos e em ter respeito pelo dinheiro público. Nós estamos com um empréstimo de mais de R$ 20 milhões que o próximo Prefeito vai ter que pagar, com R$ 6 milhões de juros. Isso eu não concordo, não precisava, porque nós estamos tendo superávit ainda e temos recursos para isso”, declarou.
“Se tivermos um Prefeito que não enxergar esses problemas que a Prefeitura vai enfrentar, ou já está enfrentando, poderemos voltar à época do Pedro Losi (PSDB), que penalizava os funcionários, em que deixava a cidade sem manutenção e que empresas tirem [recursos] da cidade de Botucatu e não retornem em serviços”, pontuou.
Por que o PT não está com você?- Ielo ainda afirma defender as bandeiras de seu ex-partido, o PT, mas acredita que o atual momento é de revolução partidária e de reavaliação da postura de cada partido.
“Hoje, eu discordo muito da direção (estadual e federal) do Partido dos Trabalhadores, acho que eles não estão cumprindo o papel de antes. Isso não tem nada a ver com a política pública implantada pelo PT, com o governo Lula e Dilma. A política pública de distribuição de renda, diminuição de impostos para gerar empregos, enxergar o país como um todo e aumentar a participação popular. Isso nós vamos continuar com a nova legenda do Partido Democrático Trabalhista (PDT). É um partido que tem história e vem sempre buscando a participação e o fortalecimento dos trabalhadores”.
“Desejo felicidade a todos no Partido dos Trabalhadores, que possam fazer a sua campanha e defendê-la da forma que achar necessário. E que seja mútuo para nós do PDT”, disse.
Migração de apoios- Quanto à dança das cadeiras das últimas semanas, onde partidos alternavam seus apoios de uma coligação à outra após a confirmação de Ielo e Caco em uma única chapa, o ex-prefeito encara tudo com normalidade. “A campanha não começou. É a hora de realmente fazer a pré-campanha, formar as chapas e coligações, para que no dia 15 se inicie oficialmente. Quando nós anunciamos a coligação do PDT-PV, outros partidos também entenderam a nossa proposta e vieram participar conosco. Ninguém voltou. A legenda talvez não esteja conosco, mas todos aqueles que acreditam estão… Há muitas outras pessoas, filiadas aos outros partidos, mas que estão acreditando em nosso projeto, acreditando que a união e convergência de ideias é o melhor caminho neste momento”, frisou.
Sobre os adversários e enquetes- “Não faço comentários [sobre os adversários eleitorais], eu me preocupo com a minha coligação. Não me preocupo com pesquisas, mas com programa de Governo e agregar mais pessoas ao nosso projeto”.
Sobre deixar a Política caso não seja derrotado pela terceira vez- “Não, isso é inerente ao ser humano: atuar na Política. Seja [de forma] eletiva, ou não, seja na sua casa, ou no seu bairro. Todo o cidadão de alguma forma ou outra participa. Eu não paro pra pensar [em parar]… Tento fazer tudo com muito prazer e muita profundidade”, finalizou.