A Saúde necessita de tratamento urgente
É chegada a hora do povo começar a falar, ser ouvido e exigir medidas para melhoria do atendimento.
por José Francisco Brant de Carvalho*
O sistema de saúde em nossa cidade esteve, nos últimos tempos, sob a orientação de médicos professores da UNESP baseado nos princípios do SUS, ou seja, hierarquização, regionalização e descentralização. Estes princípios geraram um progresso imenso na saúde pública de nosso país e, assim, são corretos e de suma importância, mas colocá-los em prática exige muito bom senso e uma visão universalizante, integralidade e equidade que, na prática, pode gerar conflitos e contradições.
Em nosso sistema vemos as unidades básicas de saúde bem como o médico de família situados na periferia, e os hospitais contendo especialistas no centro do município. Esta situação gera, sem dúvida, uma centralização do sistema provocando uma demanda muito caótica e triste na porta do Pronto Socorro como a asfixiar a saúde.
O povo, como todo dinheiro, quer saúde e não doença, mas, se ela surgir, quer se ver livre dela de maneira mais rápida e segura. Existe muita verdade neste nosso sistema pois se não houver uma medicina preventiva junto ao povo não haverá condições para atender a demanda da medicina curativa.
Os defensores deste sistema racionalizam alegando que o mesmo não funciona ora porque o povo não é educado, é aflito, sem orientação segura; Ora porque os agentes principais de saúde (médicxs e enfeirmeirxs) falham, pois de modo geral não encontram motivação no trabalho mal remunerado ou atrasado, ausência de plano de carreira, riscos urgentes que atentam à segurança trabalhista ou nas falhas de orientações superiores.
É chegada a hora do povo começar a falar, ser ouvido e exigir medidas para melhoria do atendimento.
Vejo soluções em vários itens:
Projeto Hospital Móvel fazendo cada unidade funcionar também como hospital (unidade mista) mesmo que seja durante o dia (Hospital Dia);
Investir em médicos e enfermeiras com melhores salários para poderem ser cobrados nas falhas, assim como pagamento sem atrasos de seus honorários – segurança ao trabalhador para desenvolver suas habilidades;
Investir em aparelhagem para estudo imediato de cada caso (Raio-X; ECG, respiradores, desfibriladores, leitos, macas, etc);
Enfrentamento constante ao neoliberalismo que age por trás das cortinas sucateando o sistema público de saúde para que a população se veja escravizada na necessidade de um plano de saúde particular, transformando o direito à saúde em um serviço acessível apenas a quem possuir recursos.
*José Francisco Brant de Carvalho é médico aposentado, ativista pelo direito à saúde e militante do PSOL Botucatu.