OPINIÃO | Enquanto uns vendem lenço, outros lutam: falando de corda em casa de enforcado
O rolo compressor do poder político e econômico estupram a democracia e mais uma vez empalam a Constituição de maneira absurda
por Daniel de Carvalho*
Esta semana muito se passou de informações importantes para a população, pouco se mostrou relevante para os representantes eleitos e menos ainda se mostrou capaz de fazê-los se conscientizar para a leitura de Brasil que lhes é apresentado todo dia e toda noite, a cada minuto.
Diz-se há dias pela mídia impressa e canais de comunicação de Botucatu e de todo Brasil muito sobre as eleições 2018, quem seriam os candidatos à presidência e a governador ou deputado por cada região, legenda partidária e interesses. O pleito do ano que vem acontecerá em 7 de outubro, daqui 467 dias de muita preocupação e terror diário de políticas de interesse e embate de facções por poder acontecendo em todas casas representativas do Brasil.

Na capital nacional é dito muito mas sabe-se que pouco se ouve lá dentro das vozes que vem de fora, da rua, e muito se faz pensando na imagem e nos currais a serem construídos para o final do ano que vêm. Em meio à imposição da Reforma Trabalhista que acontece agora no senado, foi realizada uma consulta pública via site da casa onde 95% dos votantes opinaram ser contra essa “desgraça” – alcunha corretamente dada por Luiza Erundina a esta Reforma – e no mesmo dia, o que se lançou na mídia foi uma pesquisa Ibope sobre intenções de votos para daqui 67 semanas.
Quanto à Reforma Previdenciária se fala menos ainda, uma vez que já há grande resistência mesmo dentro da base aliada do governo temeroso PMDB-PSDB. Ambas medidas buscam acabar com a segurança dos que hoje não têm qualquer poder político para agirem conforme suas ambições, o povo, seja para termos o debate claro e transparente destas medidas ou para fazer com que mudanças tão radicais sejam aprovadas apenas após o crivo das urnas, da população, naquelas especuladas eleições que virão ou em plebiscito. Para que a pressa!? Aham, eis a pauta que não se cala: da pressa para se aprovar as reformas.
Primeiro temos claro que o que está no poder agora em Brasília e em várias regiões do Brasil são governos sustentados por falta de transparência ou inclusão popular, atuações coronelescas sem qualquer horizontalidade ou abertura para que a democracia seja realmente aplicada e trabalhada. Localmente se faz a base para a estratégia de votos e poder que se tem em Brasília e, sabidos disso, nisso vêm trabalhando. Foi de cada cidade que se fez a campanha publicitária pelas eleições indiretas onde elegeram o programa de governo derrotado em 2014, agora com o vice-presidente tornando-se rei, trazendo ao castelo a corte dos aristocratas excludentes, seus investimentos pesados com a necessidade de cortar despesas de seus investidores, empresariado e categoria patronal. Assim o poder público é vendido ao interesse privado e garante que o ciclo de renovações e liberdade popular seja maculado novamente por propagandas milionárias e campanhas eternas.
Depois vem o fator dos atores que atuam nesta farsa. Entre delatados, investigados e ladrões de todo nível, o que se tem neste mandato é o ladrão que rouba ladrão negociando como virá seu perdão. O senador Aécio Neves (PSDB) articula seu perdão real em troca do apoio tucano ao governo Temeroso, lideranças nas casas de Brasília ou de Botucatu já voltam a atacar a oposição trabalhista que retoma fôlego, mesmo denunciada, após a máscara de vários caírem e mostrar que em casa de ferreiro há muito espeto de pau, e o dito de que agora governa a quadrilha mais perigosa do Brasil torna-se real: neste domingo, 25, a Força Aérea Brasileira – FAB interceptou avião com mais de 500kg de cocaína que decolou da fazenda do Ministro da Agricultura, Blairo Maggi – PP.
A pressa é inimiga da perfeição, mas este ditado não cabe neste caso. O rolo compressor do poder político e econômico estupram a democracia e mais uma vez empalam a Constituição de maneira absurda. A exclusão da população revela que a democracia e mudanças estruturais que dessem poder ao povo para governar suas próprias vidas e suas comunidades, realmente nunca foram feitas. A participação popular na democracia direta e real só existe nas eleições, a cada 735 dias, e eis a preocupação de todo governante, de que neste momento novamente não vença o interesse econômico e político da nobreza, mas sim o sonho de países justos. A cidadania nunca foi aprimorada ao nível libertário que ambicionavam as bandeiras de igualdade das revoluções, mesmo as esquinas mais distantes seguem sob poder de interesses e privilegiados que, às migalhas, compram sua sustentação. A justiça social nunca foi primordial em governos brasileiros, sempre fruto de negociação e benefícios aos empresários em troca de sustentação financeira a campanhas e abertura capilar na mídia e na classe.
Nesta semana as coisas mudam. Temos um ciclo de luta que concluirá em ato-show na sexta, dia 30, onde nos faremos ouvir. Acompanhado de mobilização de vários setores do Brasil que farão greve, em Botucatu teremos um Encontro Popular para o debate horizontal e apresentação real dos pontos de vista que vem de muita coragem (da origem, agir pelo coração) e esperança. Artistas, coletivos, frentes e mobilizações, trabalhadores e estudantes, juntos seguiram em concentração às 17h na Praça do Bosque, passeata, e Ato no largo da Catedral a partir das 19h para revelar o que não está na mídia e é ignorado pelos poderosos: nós somos, estamos e seremos, todo poder vem do trabalhador e todo futuro vem da família e do estudante; nenhum corte ou imposição deve ser aceita sem diálogo. O governo Temer acabou e não seram estes interesseiros que elegerão novamente o novo Presidente.
#ForaTemer #DiretasJá. Seguiremos juntos, todos.
Daniel de Carvalho é presidente do Partido Socialismo e Liberdade – PSoL Botucatu, Conselheiro Municipal de Cultura, Membro da Comissão Municipal de Transporte Coletivo – CMTC, Estudante de direito e empresário.

