Faculdade de Medicina de Botucatu celebra os 50 anos de formatura da primeira turma de médicos
Durante os dois dias uma série de atividades foram realizadas com objetivo de marcar o jubileu de ouro
da Redação
O mês de abril de 2018 foi especial para Botucatu. Nos dias 6 e 7 de abril, dezenas de médicos formados pela Faculdade de Medicina de Botucatu promoveram uma mistura de sentimentos e emoções que estão eternizados na linha do tempo da instituição.
Durante os dois dias uma série de atividades foram realizadas com objetivo de marcar o jubileu de ouro da formatura da 1ª turma de médicos da antiga Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu (FCMBB), atual FMB. Na programação do evento foi promovida a exposição temática “Memórias da 1ª turma” e a Sessão Solene da Congregação com descerramento da placa que simboliza os 50 anos da graduação da turma pioneira.
No dia 7 de abril, em frente a Biblioteca do Câmpus, foi realizada a inauguração do monumento em homenagem ao professor emérito Mário Rubens Guimarães Montenegro, o pioneiro da Faculdade de Medicina. A construção da estátua foi custeada totalmente pelos alunos da primeira turma. Em seguida, houve o plantio de uma árvore no câmpus.
“O coração da gente se enche de uma alegria, de uma emoção tão grande que acho que vai ser até difícil de falar”. Estas foram as primeiras palavras proferidas pela aluna da primeira turma Irene Pinto Silva Masci em seu discurso de agradecimento à cidade de Botucatu pela acolhida recebida em 1963 quando os pioneiros chegavam no município dos bons ares.
O orador da turma pioneira, Antônio Carlos Lima Pompeo, fez um resgate histórico do início da instalação da FCMBB lembrando de autoridades políticas e acadêmicas que contribuíram com a conquista. “Para a maioria de nós este início ocorreu numa atmosfera muito desconhecida, numa sociedade provinciana (Botucatu), com histórico escolar relevante, porém sem nenhuma tradição universitária”, recordou. “Se o patrimônio material que tínhamos era obsoleto e necessitava de reconstrução, o patrimônio humano, representado por aqueles professores pilares de sustentação desta escola, era extraordinário”, disse.
A professora emérita do Instituto de Biociências de Botucatu (IBB) Edy de Lello Montenegro, viúva do professor Mário Rubens G. Montenegro, iniciou seu discurso agradecendo a turma pioneira e relembrou parte de sua história acadêmica e as dificuldades vivenciadas pela FCMBB no início. “Lembro-me quando morava na Visconde Rio Branco (rua), muitos de vocês e das turmas seguintes apareciam nos domingos à noite para saber se havia saído alguma verba (governamental)”, relembrou. A docente recordou da Operação Andarilho (movimento de estudantes e professores, nos anos 1960, que colocaram-se em marcha para a cidade de São Paulo reivindicando verbas para os cursos recém-implantados) e leu uma resenha de própria autoria que nunca publicou.
André Gasparini Spadaro, secretário municipal de saúde de Botucatu, realizou seu discurso ante a primeira turma da FCMBB, que possui no quadro de médicos seu pai, o professor Joel Spadaro (também ex-prefeito de Botucatu). Bastante emocionado, André relembrou o período em que se formou como médico e o presente que ganhou na formatura. “Naquele dia, em particular, eu tive o privilégio de receber meu diploma do meu pai”, disse. “Mais do que homenagear a primeira turma eu gostaria de agradecer pela oportunidade que tive hoje de retribuir ao meu pai um dos melhores momentos da minha vida”, finalizou.
O diretor da FMB, professor Pasqual Barretti, classificou o jubileu de ouro da formatura da primeira turma do curso de medicina da FCMBB como um “momento tão especial” e agradeceu a todos que estavam no Salão Nobre pela presença. “Esta turma iniciou o curso em uma escola recém-criada, fruto da luta de toda uma sociedade, de uma região, da luta política e do entusiasmo de universitários que acreditaram na viabilidade de um projeto pouco comum naquele período”, ressaltou.
O dirigente lembrou de personagens políticos e acadêmicos fundamentais no processo de consolidação da FCMBB e recordou aspectos históricos desses 50 anos de formação da primeira turma. “A universidade que vocês aqui iniciaram, a Unesp, foi sem dúvida a universidade pública que mais cresceu e se desenvolveu. Ela é mais nova que a FMB. Mais do que a excelência acadêmica da Unesp, nacional e internacionalmente reconhecida, foi a universidade que buscou sua identidade, que ousou expandir criando como nenhuma outra vagas de ensino público gratuito nos mais distantes pontos do Estado de São Paulo”, complementou.
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