Vizinhos questionam indefinição quanto a área excedente no Para Todos
O problema teve início ainda nos primeiros dias após a entrega oficial das 331 casas do Residencial Para Todos
por Flávio Fogueral
O imbróglio quanto a faixa de terra existente no residencial Para Todos, na Zona Sul, prossegue dias após a entrega oficial do novo bairro de Botucatu, com atrito entre moradores das Ruas Roberto Peguinelli e Giovana Giandoni, no Maria Luiza, região vizinha. Algumas das reclamações referem-se quanto a obras realizadas no novo bairro, como a construção de muros e despejo de entulho na área sob judice.
O problema teve início ainda nos primeiros dias após a entrega oficial das 331 casas do Residencial Para Todos, ocorrida em 21 de julho. Após a entrega das chaves das novas residências, os compradores da Rua Roberto Peguinelli- que faz divisa com o Maria Luiza- iniciaram a construção de muros e ampliaram as estruturas pela área. O fato tem causado atritos entre os vizinhos.
Moradores da Rua Giovana Giandoni, no Maria Luiza, reclamam da falta de diálogo com . Diz que entulho foi jogado na área em questão e que teme pela segurança das casas já que, em seu quarteirão, há um desnível de terreno. À reportagem do Leia Notícias, relataram que alguns problemas como infiltração nos muros, além de fissuras nas paredes, ocorreram após a passagem de tratores da Ecovita (empreiteira responsável pelo Para Todos) na área em questão para a terraplanagem. Ficou, segundo os moradores, um acumulado de terra.

“Queremos saber e entender porque ainda não foi resolvido isso (a questão do terreno), pois a terra foi encostada em nossos muros de fundo. Apesar de estar fechado, quem vai fazer a limpeza da área quanto a mato e outras sujeiras já que não tem mais acesso?”, questiona uma das moradoras que preferiu não se identificar. “Se a área está na Justiça, por que estão fazendo os muros além do espaço demarcado?”, frisa.
Mesmo com o imbróglio, a área sob júdice está inacessível devido a construção de muros nas saídas para as ruas transversais. No dia da entrega das casas, era possível observar que alguns compradores já mediam a extensão de terra adicional e cotavam preços a serem cobrados pelo serviço de construção do muro com pedreiros.
Enquanto ocorria a conversa com os moradores do Maria Luiza, uma compradora do Para Todos relatou que, quando fez a aquisição, representantes da construtora frisaram que a área seria “muro a muro”. Também salientou que tentou conversa com os vizinhos do Maria Luiza, para resolver algum tipo de impasse, mas sem sucesso.
Procurada, a Ecovita novamente afirmou em nota enviada à reportagem, que uma reunião foi realizada, em 17 de julho, com os futuros moradores da região, para esclarecer quanto a faixa de terra e as implicações sobre incursões que possam ser consideradas irregulares. Salientou que a área não pertence à construtora e que as demarcações sobre os limites de terreno estão visíveis aos compradores.
Pelo projeto original apresentado pela Prefeitura de Botucatu à Ecovita, empreiteira responsável pelas obras, cada lote conta com 200 m², sendo que as casas possuem 44,4 m². “Os lotes comercializados foram devidamente entregues, já demarcados, aos compradores. A empresa não fez quaisquer propostas para que os mutuários adquirissem os excedentes das áreas, pois como informamos, a mesma não pertence a Ecovita”, salienta a construtora.
A Prefeitura de Botucatu, também por meio de nota oficial, ressaltou que também não é proprietária da área e que a mesma pertence ao antigo proprietário. O detalhe, porém, está no fato de que o antigo dono morreu e o espólio ainda está na Justiça. Ainda na nota frisa que a “Ecovita negocia com a família do antigo loteador uma solução.
“Não é permitido a Prefeitura adquirir uma área para doação, ou algo equivalente, especialmente com dinheiro público. Qualquer tipo de solução passa pela iniciativa privada, a qual não temos gestão sobre decisões estratégicas de aquisição, venda ou preços dos produtos que comercializam”, frisa o documento encaminhado pelo Poder Público à reportagem.