Água contaminada cancela sessões de diálise no Hospital das Clínicas de Botucatu
Polícia Civil iniciou as investigações sobre possíveis causas
por Flávio Fogueral
Ao menos cem sessões de hemodiálise que ocorreriam neste sábado (16), no Hospital das Clínicas de Botucatu (HCFMB), foram canceladas. O motivo seria uma contaminação da água que faria parte do procedimento, fato confirmado pela própria unidade de saúde.
Em nota oficial, a direção do HCFMB informa que antes do início das sessões na manhã deste sábado, os profissionais de saúde faziam a análise da qualidade de água que seria usada no tratamento. Foi constatada que a mesma tinha a presença de ácido peracético, substância usada para esterilização servindo também como fungicidas, viricidas, bactericidas e esporicidas. A coloração da água estaria amarelada, o que é considerado fora dos padrões para qualquer tipo de uso.
Quando da constatação da presença da substância na água, a administração do setor de Diálise determinou a suspensão imediata dos procedimentos. Na sequência foi iniciado trabalho de recuperação da água e a previsão é que as sessões sejam retomadas normalmente neste domingo, 17. Segundo o hospital, nenhum paciente recebeu a água contaminada pelo ácido.
O fato motivou a confecção de Boletim de Ocorrência e a Polícia Civil iniciou as investigações sobre possíveis causas. Segundo divulgado pela TV TEM, a polícia desconfia de sabotagem pelo alto nível de contaminação constatado. Em entrevista, o delegado responsável pelas investigações, Marcos Mores, salientou que a quantidade surpreende. “A forma como foi diagnosticada essa concentração da substância fugia do padrão, o que fez com que a diretoria concluísse que tenha a ação humana. Cabe saber se foi intencional ou culposa. O artigo 273 do Código Penal que é a alteração de produtos destinados a uso terapêutico. É um crime contra a saúde pública, que poderia causar uma contaminação em massa. Esse crime é passível de dez a quinze anos”, disse o delegado.
A perícia da polícia esteve no local para averiguação da água e também coletar possíveis impressões digitais. A polícia já está em poder de imagens do sistema de vigilância.
Em nota, o HCFMB reforça que todos os procedimentos para a hemodiálise seguem padrões rígidos de segurança. “O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB) informa que sua Unidade de Diálise, referência em procedimentos dialíticos no estado de São Paulo desde 1982, segue com rigidez e diariamente todos os protocolos, portarias e padronizações de conduta que priorizam a segurança do paciente. A missão do HCFMB é trabalhar todos os dias com foco em humanização e principalmente na segurança do paciente. Medidas legais foram tomadas e a Policia Civil de Botucatu investiga o caso. O HCFMB está à disposição para colaborar nas investigações e não tolera nenhuma ação que coloque em risco a saúde pública.”, salienta a nota emitida pela unidade de saúde.
*Atualizado às 19h45 de 16 de março de 2019 para acréscimo de informações.