Uma introdução ao livro “Teoria do Conhecimento” no Grupo Filosofia Botucatu!

 Em geral, por que nós buscamos conhecimento? 

Por Vinícius Nunes Alves*

Para quem não sabe, aqui em Botucatu tem um Grupo de Filosofia que funciona todos os sábados nos iglus do Espaço Cultural das 11h às 12h30. Tal grupo é gratuito e aberto a toda pessoa que se interesse por Filosofia, bem como por áreas do conhecimento ou obras que se relacionem com Filosofia. O grupo geralmente discute um livro e a pessoa que sugere o livro apresenta a obra resumidamente. No caso, um dos livros foi eu que sugeri e apresentei: “Teoria do Conhecimento” de Alberto Oliva. Neste post vou comentar alguns pontos do livro.

O autor começa o livro citando que tanto Platão em Teeteto, quanto Aristóteles em Metafísica apontam que a admiração é a grande desencadeadora do pensar filosófico. E para Alberto, o objetivo último de filosofar é conhecer, é o conhecimento. Embora o autor lembra que a nossa espécie primeiro teve de conhecer para sobreviver, depois de milhares de anos é que a nossa espécie começou a conhecer ‘apenas’ por admiração. 

 Em geral, por que nós buscamos conhecimento? 

Pode ser para saciar a curiosidade intelectual que remete à essa admiração pelo simples ser das coisas, para conhecermos elementos que auxiliam na resolução de problemas ou até para enfrentar desafios que põem em risco a nossa sobrevivência.

Abaixo, alguns tipos de conhecimento que o livro cita: 

    Conhecimento por aptidão (saber fazer): A prática que adquirimos e as técnicas que dominamos se apoiam em alguma forma de conhecimento. Daí ser correto afirmar que se sabe, que se está capacitado a tocar violão, jogar xadrez, falar uma língua, mexer num computador. Esse saber fazer coisas é chamado hoje como know-how. É diferente do conhecimento teórico, por exemplo, pode alguém conhecer profundamente as técnicas de pintura sem mostrar capaz de criar um quadro com valor estético? Pode.  

 Conhecimento proposicional: é aquele conhecimento por descrição. A esse tipo de conhecimento que se aplica a visão clássica de conhecimento como uma verdade justificada. O exemplo de conhecimento proposicional que o autor dá: “Pablo sabe que as Montanhas Rochosas ficam nos EUA”. É um fato que aquelas montanhas ficam lá, são descrições que o Pablo têm daquele lugar e essas descrições são assumidas como proposições verdadeiras. Parte da ciência procura elaborar proposições sobre o estado de coisas específicas. O conhecimento proposicional sempre resulta de uma relação entre a pessoa e a proposição verdadeira. 

 Do fazer ao conhecer: é uma concepção de conhecimento que sustenta que só compreendemos algo quando é obra nossa. É uma tese que soa até exagerada, diz que se não for inventado, criado ou produzido por nós, simplesmente não temos como conhecer. Não conhecemos contemplando, mas fazendo e criando. Se somos autores da história, podemos conhecê-la.

3) Como estudar o conhecimento?

A epistemologia é a linha da filosofia que aborda a questão da natureza do conhecimento (o que é), das fontes do conhecimento (onde procurá-lo) e da validação do conhecimento (como comprová-lo). Em suma, a epistemologia direciona atenção especial para os meios que se obtém o conhecimento.  

4) Quais são as fontes de conhecimento?

 Para a epistemologia, tradicionalmente são apontadas 4 fontes: a sensação (esta valorizada desde Platão), a memória, a introspecção (que é a atenção e apreensão dos nossos estados mentais, pessoais) e a razão.  Uma forma de agrupar isso é sensação, memória e introspecção se resumir ao que chamamos de experiência, e razão é simplesmente razão (se funda em alguma lógica).

Daí a ênfase que cada autor vai dar para experiência e razão varia. Por exemplo, para Bacon é mais importante a experiência para construir o conhecimento, principalmente por meio da observação e da percepção. Já para Descartes, o conhecimento decorre mais do exercício da razão. E os céticos no meio disso? Os céticos não se importam tanto com as fontes de conhecimento, mas sim com critérios de evidência. O ceticismo pode questionar tanto a experiência dos sentidos (visão, audição, paladar, tato e olfato) quanto a razão (como que está operacionalizada, encadeada a lógica). 

Para Alberto Oliva, por sua vez, não devemos absolutizar nem só a experiência, nem só razão como fonte de obtenção de conhecimento. Para saber mais sobre essas e outras questões, como teorias que justificam algo ser chamado de conhecimento, vale a pena conferir esse livro que me introduziu no interessante mundo da Epistemologia! 

*Vinícius Nunes Alves é Licenciado e Bacharel em Ciências Biológicas – IBB/UNESP. Mestre em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais – UFU . Especializando em Jornalismo Científico – Labjor/UNICAMP . Professor Escolar da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo.