Universidade. Se orientar pode facilitar a escolha

Como a Orientação Vocacional pode contribuir com os jovens num momento tão decisivo

Por Sérgio Viana

Fábio Ferreira não anda dormindo bem, sofre de insônia. Já parou de tomar café, bebida preferida, após as 16 horas, não come doces à noite e de preferência volta do cursinho pré-vestibular pra casa a pé. “Assim acho que eu fico mais cansado a noite e quem sabe não durmo?”, argumenta. Fábio tem 21 anos e está indeciso sobre qual curso escolher para ingressar na faculdade.

Ele já prestou vestibulares para Psicologia, no entanto, observando as aulas do cursinho, passou a levar em conta a possibilidade de lecionar também. Agora, ele está em dúvida entre continuar com a Psicologia ou mudar para Ciências Sociais.

 “Que faculdade eu devo fazer?”

A dúvida é cada vez mais comum entre os jovens brasileiros a partir dos 17 ou 20 e poucos anos. Pode ser que a insônia de Fábio não tenha nada a ver com isso, mas pode ter a ver com a de muitos outros estudantes. Muitos acham que estão escolhendo o que fazer para o resto da vida e, por isso, devem escolher certo. Para facilitar esse processo, o meio mais conhecido é o processo de Orientação Vocacional.

Rodrigo Ballalai é psicólogo escolar e coordena a escola onde Fábio estuda, para ajudar os estudantes mais indecisos formaram-se turmas para orientação vocacional. “Através dos intervenções o estudante busca o autoconhecimento, o jovem se olha para perceber quais são seus interesses, habilidades, histórico de vida e a compreensão do seu futuro trabalho no mundo atual”, afirma Ballalai.

Além de passar por uma bateria de intervenções, as turmas de Orientação Vocacional interagem através de dinâmicas e debates. “Outras atividades externas à sala de aula também são importantes, como conhecer um profissional da área de interesse, entrevistá-los, tentar compreender o dia-a-dia naquele trabalho”, ressalta o psicólogo. As feiras de profissão organizadas por universidades e os próprios campus são outras atividades que podem ajudar o aluno.

Segundo Ballalai, existe uma indicação do próprio MEC para que as escolas adotem a Educação ao Trabalho, espécie de orientação, desde o inicio da formação. No entanto, apenas algumas escolas particulares parecem oferecer este serviço.

Outro desafio ao autoconhecimento e ao processo decisório é o ambiente do individuo, onde ele normalmente ouvirá a opinião da família e amigos. Para Rodrigo, nessa hora o estudante precisa ter consciência que outras ideias existem, mas que ele também tem autonomia para decidir o que é melhor para si mesmo.

Reorientação

Não é difícil conhecer alguém que tenha desistido da primeira faculdade que iniciou. O botucatuense Gabriel Crux, 20, está no segundo ano de Música na Universidade de São Paulo(USP). Mesmo no curso, Gabriel ainda carregava algumas dúvidas relacionadas à escolha que fez e recorreu à Orientação Vocacional. “Ela não nos dá um resultado de uma escolha. Mas acredito que ela ajuda a nos entender melhor e a manter nossas verdadeiras convicções”, frisa. O estudante decidiu permanecer na Música e neste ano embarca para um intercâmbio na Alemanha, atrás de outras respostas.

Fábio, que citamos no inicio da matéria, ainda tem dúvidas, mas está começando a ministrar algumas aulas para outros colegas do cursinho pré-vestibular.

 

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