Uma nova nação que nasce com a juventude

O Velho do Rastelo ou o Semeador Cansado?

Por Pedro Henrique de Souza Batista

Gilberto Amado, literário brasileiro, dizia: “Ao lançar a semente sem ver crescer a planta no solo árido, o braço do semeador se fatiga”.  Sem dúvidas, o que todos estamos vendo nos noticiários, e nas ruas, é fruto do cansaço da juventude e do povo brasileiro ao sistema político desrespeitoso que se instalou em nosso país. O povo parece ter se cansado de dizer pelas redes sociais, e assim resolveu proclamar em marcha a revolta e a indignação.

Em uma das frases, usada em uma faixa sobre a testa de uma manifestante em São Paulo, se dizia: “Não é só por vinte centavos, é por direitos!”. A verdade é que muitos são os motivos que estão levando a juventude até então quieta e aparentemente indiferente às ruas. A jovem de São Paulo talvez tenha por primeiro dado a resposta ao problema, à luta não é por vinte centavos é pelos nossos direitos.

Em Brasília, o manifestante com a bandeira nacional sobre as costas e com um letreiro a questionar, perguntava a todos: “Copa para quem?”. Ontem no Maracanã o mesmo: manifestação, cartazes, dizeres e por fim, confronto e feridos com a repressão da polícia.

Estes manifestos do Rio e de Brasília não protestam apenas por causa da construção dos Estádios e pela realização da Copa, mas pelo fato de que o governo investe bilhões em futilidades, e alega não ter dinheiro para as necessidades. Outro motivo para os manifestos é por que os partidos se tornaram mais instituições do Estado, do que instituições da sociedade, e assim conduzem a essa falta de representação sócio-política, onde não ouvimos nossa voz, nem nossa opinião.

Contudo, não pensemos nós que estamos isentos de culpa, pois também somos nós parte integrante da nação. Somos corresponsáveis pelos acertos e erros que o Estado realiza, visto que o poder de nós emana, e de nós se forma. Desta forma, é dever nosso gritar e o do Estado ouvir, visto que o diálogo contribui para identificar novas veredas, enriquece a democracia e fortalece o País.

Por isso, acorde mesmo cidadão brasileiro, anda e segue em frente no teu caminho, não abaixe a cabeça pelo medo, e pela indiferença, e nem pense em te silenciar por causa do dedo forte que te acusa, vai e segue firme, sem desviar dos teus passos e ideais, acreditando no que tu crês e confiando na luz da consciência. Pois é melhor o arrependimento pelo excesso, à que a crise de existência por causa do comodismo e da negligência.

E por fim como dizia a frase lapidar de Joaquim Nabuco: “A vida não é senão a posse do futuro pela confiança e, em política, pela certeza do triunfo (momentaneamente) interrompido”.  Por isso, mais do que o velho do rastelo, de pensamento pessimista, a quem Dilma apelidou quem está descontente com o Brasil. Parece que tornamo-nos o semeador de Gilberto Amado, que cansado pelo plantio em vão, deixou de semear no solo árido. Assim, a confiança não parece que será tão logo depositada em nossos políticos.

Pedro tem 21 anos, é formado em Filosofia pelo Instituto Filosófico Santo Tomás de Villa Nova, atuou como líder estudantil e vive em Botucatu desde meados de 2012.

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