Após Bauru, disputa eleitoral para ministro Padilha é questão de tempo

Petistas aproveitam encontro no interior paulista para buscar reaproximação com militância e conclamar a candidatura do partido para o governo do Estado, em 2014

por Sérgio Viana

Pode-se dizer que o Grande Encontro do Interior, promovido pelo PT, foi uma grande festa para não oficializar, mas anunciar, que seu candidato ao Governo do Estado de São Paulo é o atual ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Promessa de um grande projeto para todo o Estado e críticas à políticas tucanas foram constantes.

O evento realizado na noite de sexta-feira (9), em Bauru-SP, serviria para marcar o encerramento das Caravanas 2013, do Partido dos Trabalhadores, pelas macrorregiões do interior paulista e da região metropolitana, no entanto, o que mais se viam eram faixas de apoio à candidatura de Padilha para as eleições de 2014 e o que se ouvia eram militantes gritando seu nome em uníssono em diversos momentos – na maioria instigados pelos apresentadores do evento.

No palco lotado, diante de uma plateia em que alguns pontos militantes de todo o interior se exprimiam, estavam prefeitos da região, deputados estaduais e federais, os presidentes estaduais e nacionais do partido, Edinho Silva e Rui Falcão, o senador Eduardo Suplicy, e ao centro, cercado pelos ministros Gilberto Carvalho e Alexandre Padilha, o ex-presidente Lula.

A vice-prefeita de Bauru, Estela Almagro (PT), foi uma das primeiras a discursar e não se limitou a lembrar de que  o governo federal, nos últimos 4 anos e meio, investiu mais de 1 bilhão em todas as áreas do município, mas comparou isso às “migalhas repassadas pelo governo estadual”. Ela ainda deu destaque ao fato do prefeito Rodrigo Agostinho (PMDB) ter decretado estado de calamidade na saúde de Bauru recentemente. “As principais obras para na saúde de Bauru, hoje, vem do governo federal. Se fossemos olhar com atenção para áreas como Educação e Segurança Pública (responsabilidades estaduais), todas decretariam calamidade. São Paulo vive um estado de calamidade política e ética”, ressaltou e arrematou afirmando que para curar a situação é preciso não um anestesista (especialidade de Alckmin), mas um sanitarista (especialidade de Padilha).

Ministro Gilgerto Carvalho, no Grande Encontro do Interior, Bauru

Ministro Gilgerto Carvalho, no Grande Encontro do Interior, Bauru

Em seguida, num tom bem mais sereno, foi a vez do ministro Gilberto Carvalho, que fez questão de chamar atenção ao fato de que algumas coisas, como economia e logística nacional, “começaram a melhorar”. Sem despender muito tempo, deu a deixa para o próximo orador ao declarar que hoje: “A Saúde é a carência maior que nós temos. E o programa Mais Médicos do Padilha, enfrenta resistência de setores que querem manter privilégios”.

Padilha defendeu realmente seu programa, que sofre protestos de médicos por todo o país, mas deixou para tratar o assunto no final de sua fala. “Um médico ao lado do paciente e da comunidade faz a diferença para salvar vidas. Se não existir número suficiente de brasileiros, que ganharão R$ 10 mil líquido por mês, vamos fazer como outros países desenvolvidos, buscar médicos de outros lugares”.

Durante todo seu discurso a iluminação ganhou um ar muito mais intimista, luzes baixas, o que permitiu que o ministro se aproximasse ainda mais do público ao argumentar sobre a importância do interior paulista para o Brasil e lembrar que não existe qualquer cidade paulista (são 645 delas), que não recebam apoio através de seu ministério.

Num tom fraternal, o ministro também lembrou em diversas vezes de sua trajetória na medicina, como aos 12 ou 13 anos, quando via a mãe fazer consultas de graça aos moradores do Campo Limpo (periferia de São Paulo), numa época em que sequer existia o SUS (Sistema Único de Saúde), e o caminho político dentro da juventude do Partido dos Trabalhadores e durante sua graduação em Medicina, pela Unicamp.

Então foi a vez do presidente petista, Rui Falcão, endossar o coro pela candidatura do ministro da Saúde e endurecer críticas contra tucanos: “A corrupção é a razão mais forte para expeli-los do Palácio dos Bandeirantes. Se não houver CPI em São Paulo, haverá a CPI do Tremsalão, em Brasília”. E contra a grande mídia: “Enquanto não houver regras da mídia e quebra de monopólio é preciso ativar cada vez mais novos mecanismos e redes sociais”.

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Alexandre Padilha foi o preferido da noite, falou da importância do interior e de São Paulo como um todo, mas não se assumiu candidato.

Em seguida, já com o palco totalmente iluminado sobre si e os outros convidados, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que precisava sair do evento às 21h, começou explicando que sua partida era necessária, pois “alguns canalhas inventaram que tenho uma metástase, então resolvi antecipar um exame para desmentir esse bando de imbecis”.

Sobre Padilha, Lula lembrou, que apesar do ministro ter “falado como candidato”, ele ainda é Ministro da Saúde e tem que ficar neste cargo até resolver a questão do Mais Médicos, que está no Congresso Nacional. “Nós crescemos demais e as pessoas começam a criar situações. Uma parte da imprensa disse que eu vinha lançar a candidatura de Padilha… nesse caso eles mentiram outra vez”, alfinetou para delírio dos militantes.

 

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