Entrevista: Feldman apresenta Rede como "novo modelo de fazer política"

Encontro em Botucatu reuniu simpatizantes, autoridades e vereadores de outros partidos

por Sérgio Viana / fotos de Flávio Fogueral

Na última quarta-feira (22), o deputado federal Walter Feldman (PSB) esteve em Botucatu, para apresentar o futuro partido Rede Sustentabilidade, que tem como um de seus maiores ícones a ex-ministra e ex-senadora Marina Silva, atual candidata a vice-presidência pela chapa de Eduardo Campos (PSB), governador de Pernambuco.

O evento realizado no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), contou com a presença de cerca de 40 pessoas entre simpatizantes e partidários da Rede, além de membros do PSB, e os vereadores Edinei Carreia (PSB) e Lelo Pagani (PT).

Alguns pontos que diferenciam a Rede de outros partidos foram destacados, como a reeleição limitada para cargos legislativos (vereador, deputados e senadores), estabelecimento de limite de gastos de campanhas eleitorais e recusa de financiamento por empresas de tabaco, bebidas alcoólicas e agrotóxicos.

Nossa reportagem entrevistou o deputado Walter Feldman (confira logo abaixo) e anotou as falas de algumas autoridades presentes no encontro.

José Gustavo – dirigente nacional e estadual da Rede: “Botucatu pode ser um ótimo espaço de laboratório e experimento da Rede. Aqui nós encontramos muitas pessoas com vontade de participar… o modelo PT, PSDB não sustenta mais nossos anseios”.

Lelo Pagani – vereador pelo Partido dos Trabalhadores: “Esse é um movimento importante para a nossa democracia. Para o Brasil é importante haver o debate, independente do partido”.

Edinei Carreira – vereador pelo Partido Socialista Brasileiro: “Partido se cria a toda hora, por diversos interesses. Fico feliz pelo PSB ter escolhido Marina… Quem impunha uma caneta outorgada numa eleição tem um dever com o bem da população. A Rede vem num momento em que a população grita. Espero que ela seja diferente”.

Abaixo a breve entrevista com o deputado federal Walter Feldman

N.B. – Qual a importância que a Rede teria no interior o estado de São Paulo e, principalmente, em Botucatu?

Walter Feldman – Nós estamos fazendo uma peregrinação já há algum tempo, desde o lançamento da ideia da Rede Sustentabilidade, em 16 de fevereiro do ano passado. Quando quase 2 mil pessoas, de forma voluntária, se deslocaram para Brasília (DF) para criar essa forma nova de fazer política, foi a partir daí que nós começamos a nos deslocar para locais onde haja interesse, curiosidade e vontade de participar de um modelo de fazer política que tenha o componente da ética, da sustentabilidade e da renovação das práticas políticas.

N.B. – Desde o inicio a Rede defende esse novo modelo, que alguns chamam de terceira via. Mas do que se trata isso? Qual a diferença entre modelos do PT, PSDB e essa terceira via?

Feldman – Na verdade, há todo uma análise [sobre isso], mas que eu vou lhe dizer rapidamente. Há um consenso de que o modelo de democracia no Brasil está superado, as ruas em junho mostraram isso. Há um elevado grau de insatisfação. As pessoas não se sentem representadas pelos seus eventuais delegados eleitos, seja pro executivo, seja pro legislativo. Há uma falta de sintonia, uma separação, e há um movimento que chamamos das modas da sociedade, que gostaria de ser mais protagonista.

N.B. – Então é preciso que haja uma reforma da democracia?

Feldman – A reforma da democracia. Nós acreditamos que o modelo que foi nos trazido, desde a revolução francesa, teve seu período de consolidação e aperfeiçoamento e se esgotou. É hora de colocar na prática política o novo sujeito, que é a população, que não está localizada nas instituições.

N.B – Mas como o PSB – partido escolhido tanto pela Marina Silva, quanto pelo senhor, após a negação da criação da Rede – se encaixa nessa diferença?

Feldman – Quando o Tribunal Superior Eleitora decidiu pela não aprovação da Rede, nós tínhamos poucos caminhos a adotar. Ou nós ficaríamos numa posição de organização interna da Rede, ou nós nos aliaríamos há um partido novo que nos emprestasse a legenda, para que Marina pudesse sair candidata. Eu diria que estaríamos aí repetindo o modelo de 2010. Nós nos reunimos naquela madrugada, em Brasília, com todos os membros da Rede que estavam lá e acreditamos que se nós não tínhamos o registro, nós tínhamos um programa. Tanto a ética quanto o programa [do partido], para nós, é um patrimônio. E se esse programa existe, ele precisa ser levado por alguém. A campanha 2014 exigia o estabelecimento de uma decisão. Nós interpretamos naquela época que se fizéssemos uma aliança programática com Eduardo Campos, ele poderia ser o viajante, o mentor, aquele que tivesse capacidade de levar o programa da Rede em frente.

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