Caio Induscar demite 230 e dá férias coletivas na fábrica de Botucatu
Segundo empresa, motivos vão desde o cenário de possível estagnação da economia e indefinição de mercado
da Redação
Desde segunda-feira, 23 de fevereiro, mais de 4 mil funcionários da Caio Induscar estão em férias coletivas, por ao menos dez dias. A medida faz parte de decisão da direção da empresa que, também anunciou a demissão de 230 funcionários de suas unidades.
Segundo comunicado oficial da empresa, os motivos vão desde o cenário de possível estagnação da economia, indefinição de mercado, mudanças nos sistemas de financiamento e de compras governamentais. Recentemente a Prefeitura de São Paulo determinou que os novos ônibus da frota paulistana devam contar com sistema de ar-condicionado, por exemplo.
“O mercado de 2014, em relação a 2013, teve uma queda de 15%, por motivos como a estagnação da economia; indefinições no mercado até as eleições; defasagem tarifária em várias cidades do país; depredações de ônibus que desestimularam os investimentos dos empresários.”, diz um trecho do comunicado.
A medida da prefeitura da capital fez com que a Caio Induscar tirasse da linha de produção mais de 180 carrocerias para que os projetos sejam refeitos, compras de equipamentos e outros ajustos, o que deve demandar alto investimento.
Outro fator foi uma possível suspensão de compras de veículos pelo programa Caminho da Escola, programa do governo federal criado para a renovação da frota de veículos escolares no país. “Quanto aos Escolares do Programa Caminho da Escola, houve uma parada de pedidos, e aguardamos a decisão do Governo Federal para sabermos se o programa terá continuidade”, salienta a empresa.
“Esses fatores influenciaram o início de 2015, também impactado por diversas novas medidas como: mudança da forma e taxa de financiamento Finame; a greve das montadoras, que afetou a fabricação e a disponibilidade de chassis para as fabricantes de carrocerias como a Caio; também as incertezas econômicas, fazendo com que os empresários aguardem outras medidas e posterguem as compras”, realça a nota emitida pela Caio Induscar.
Estes fatores fizeram com que a produção, que era de mais de 30 ônibus diários caísse pela metade. Mesmo diante da crise, a Caio Induscar terminou 2014 como a líder nacional em produção de ônibus urbanos, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus (Fabus). O investimento da empresa em Barra Bonita, estimado em R$ 30 milhões, não deve ser adiado, com previsão da nova unidade funcionar a partir do primeiro trimestre deste ano.
A Caio Induscar tem seus escritórios centrais na cidade de São Paulo e seu parque fabril, de 445 mil m² e 101 mil m² de área construída, está localizado em Botucatu. A capacidade de produção da empresa é de 40 carrocerias de ônibus urbanos ao dia. Além do Brasil, o grupo atua fornecendo ônibus para a África do Sul, Angola, Chile, Costa Rica, Equador, Jordânia, Líbano, Nigéria, Peru, República Dominicana, Taiti, Trinidad Tobago, entre outros.
Fundada em 1946, a Caio Induscar inaugurou seu parque fabril em Botucatu no ano de 1982. No final da década de 1990, dificuldades financeiras e problemas administrativos fizeram com que a empresa entrasse em processo de falência. Em 2001 um novo grupo foi formado através de investidores com a empresa Induscar, passando a gerí-la.
O reflexo da decisão da Caio Induscar já pode ser sentido entre os fornecedores que tiveram seus pedidos reduzidos e iniciaram processo de demissão.