Alunos da Medicina/Unesp celebram chegada de calouros encapuzados

 Os trotes teriam ocorrido em uma festa no dia 5 de março, no chamado “Batizado da Medicina” 

da Redação 

Reprodução da fanpage Opressão na Medicina, que apresentou a denúncia
Reprodução da fanpage Opressão na Medicina, que apresentou a denúncia

Fotos divulgadas pelas redes sociais e veiculadas em diversos veículos de imprensa mostram alunos do sexto ano do curso de Medicina vestidos com adereços utilizados pela seita anti-semita norte-americana Ku-Klux-Klan, durante festa em que aplicavam trotes nos calouros. A Unesp oferece o referido curso em Botucatu, com 90 vagas anuais e no vestibular de 2015 teve concorrência de mais de 130 candidatos/vaga.

Os trotes teriam ocorrido em uma festa no dia 5 de março, no chamado “Batizado da Medicina” e as fotos divulgadas neste final de semana em páginas do Facebook como a Opressão na Medicina, perfis, entre outros. Algumas das imagens apontam os veteranos totalmente vestidos com as roupas típicas da seita e os calouros ajoelhados.

Na página oficial no Facebook, o 6º ano de Medicina agora cursado por alunos da 48ª turma apresenta uma carta aberta à comunidade onde esclarece que o evento “Batizado da Medicina” é realizado anualmente e aberto ‘a toda comunidade acadêmica, incluindo professores e membros da Comissão de Recepção dos Calouros da FMB, não sendo obrigatória a presença de nenhum aluno ou integrante da comunidade acadêmica”.

A carta apresentada pelos alunos da 48ª turma enfatiza que o batizado é realizado anualmente com o 6º ano sendo responsável por elaborar uma fantasia para a festa. “No caso referente a nossa turma, o tema da fantasia escolhido foi de “Carrasco”, utilizando roupas pretas e máscaras. As fantasias foram utilizadas apenas para a entrada da turma, sendo que foram retiradas logo após a entrada, dando início a confraternização com os calouros no evento”, justifica o documento.

Os alunos ainda ressaltam em sua justificativa que “em nenhum momento houve qualquer prática preconceituosa, que estimulasse o racismo, homofobia, preconceito religioso ou corroborasse ideias de qualquer seita de caráter opressor. A conclusão de que estávamos fantasiados de “Ku Klux Klan” foi inferida pela forma como foram divulgada as imagens, descontextualizando totalmente a fantasia e inserindo imagens que fizessem com que os leitores chegassem a essa conclusão”, diz a carta, que pode ser acompanhada abaixo na íntegra.

 

CARTA DE ESCLARECIMENTO À COMUNIDADE

Nas últimas horas, nós, alunos da 48° Turma da Faculdade de Medicina de Botucatu…

Posted by Sexto Ano XLVIII Medicina UNESP on Segunda, 30 de março de 2015

 

Em nota oficial, a Faculdade de Medicina de Botucatu salientou a instauração de uma Comissão de Apuração Preliminar. Tal órgão deverá levantar informações para análise dos fatos como nomes dos participantes, horários, responsáveis pela festa, existência de câmeras e imagens (fotografias e/ou vídeos). Tudo isso, conforme o documento emitido pela universidade, pode fazer com que esta comissão a ser instaurada possa “requerer providências que se façam necessárias e que possam resultar em provas substanciais”.

Completa ainda a nota oficial que “cabe à Comissão de Apuração Preliminar, na conclusão de seus trabalhos, relatar o apurado e verificar se houve alguma infração ao Regimento Geral da Unesp. Nesse caso, será aberta Sindicância, que pode aplicar as sanções previstas no artigo 162 do mencionado Regimento”.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Trotes Universitários, que investigou a violência nas festas de recepção de calouros nas universidades paulistas, cita várias vezes o curso de Medicina da Unesp em seu relatório final.

Repercussão na Mídia  

Reprodução da página inicial do caderno Educação de O Estado de S. Paulo dando destaque à festa
Reprodução da página inicial do caderno Educação de O Estado de S. Paulo dando destaque à festa

O fato ocupou espaço nas páginas dos jornais de circulação nacional como O Estado de S.Paulo, além de telejornais e portais regionais como a TV TEM e na GloboNews. O portal Fórum, vinculado ao IG, e o Terra também destacaram o fato. Jornais de outros Estados como Correio da Bahia, Diário de Pernambuco e Folha Vitória replicaram o assunto. Em busca no Google, o assunto tem ao menos 30 assuntos relacionados.

Roupas brancas da KKK foram trocadas pelo tom negro

Criada no século 19, a Ku Klux Klan promovia perseguições às minorias étnicas nos Estados Unidos, principalmente nos estados do sul, com forte história ligada à escravidão naquele país. O objetivo principal da seita é pregar a supremacia branca. Muitas de suas ações variavam desde pichações em muros, destruição de lavouras de agricultores negros e latinos, espancamentos, agressões em espaços públicos e até assassinatos.

Uma das principais características da seita é sua vestimenta. Sua principal característica é a ocultação total da identidade de quem trajava a roupa, totalmente em cores brancas. A fantasia usada pelos estudantes de medicina eram, conforme as fotos, na cor negra.

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