Em um ano, anuidade de cartão de crédito sobe até 188%

Pesquisa do Idec também analisou as taxas de juros e verificou aumento de até 42% em apenas seis meses

Um levantamento feito pelo Idec com os seis maiores bancos do país (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, HSBC, Itaú e Santander) verificou que o custo da anuidade de cartão de crédito subiu até 188% entre agosto de 2014 e de 2015. O aumento é mais de dez vezes superior à inflação acumulada no período, medida em 9,56%, segundo o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). 

O reajuste mais elevado foi aplicado pelo Santander, que aumentou a anuidade do cartão Esso Shell Nacional de R$ 25 para R$ 72. O HSBC vem na sequência, com a tarifa anual do Cartão Básico, que passou de R$ 50 para R$ 118 – 136% mais cara. Completando o “pódio”, está o Bradesco, com o cartão Bradesco Gold, que em 2014 já tinha uma tarifa salgada, de R$ 150, mas aumentou ainda mais este ano: R$ 275 (83%). 

Outros bancos também aplicaram reajustes consideráveis, com destaque para o Banco do Brasil, com 63%, e para o Itaú, com 50% de aumento. Confira mais detalhes na tabela abaixo.

O levantamento também observou que cresce o número de opções de cartões oferecidos pelos bancos: só o Itaú tem 141, e o Bradesco, 63. Alguns deles têm programas de benefícios que isentam a anuidade, mas normalmente são aqueles voltados para clientes de renda elevada ou que mantêm aplicações financeiras no banco. “O consumidor que não se enquadra nesse perfil, acaba pagando integralmente a anuidade, que fica cada vez mais caras”, destaca Ione Amorim, economista do Idec responsável pela pesquisa.

 Anuidade: reajustes máximos aplicados pelos bancos

Banco

Nome do cartão

Anuidade em agosto de 2015

Anuidade em agosto de 2014

Reajuste

Santander

Esso/Shell Nacional 

R$ 72

R$ 25

188%

HSBC

Cartão Básico

R$ 118

R$ 50

136%

Bradesco

Bradesco Gold

R$ 275

R$ 150

83%

Banco do Brasil

Private Label Internacional

R$ 178

R$ 109

63%

Itaú

Itaú Múltiplo Nacional versão Itaucard 2.0

R$ 120

R$ 80

50%

Caixa

Black e Infinite

R$ 720

R$ 600

20%

Fonte: site dos bancos – elaboração: Idec
Juros nas alturas

Além das anuidades, a pesquisa também comparou os reajustes nas taxas de juros dos cartões de crédito dos seis bancos de janeiro – quando a taxa média praticada pelas instituições bancárias passou a ser informada pelo Banco Central – a julho deste ano. 

Nesses seis meses, os maiores reajustes no crédito rotativo foram aplicados justamente pelos bancos públicos: o da Caixa subiu 42% (de 94,78% para 134,96% ao ano) e o do Banco do Brasil, 27% (de 224% para 285% ao ano) nos seis primeiros meses deste ano.  

Embora esses bancos tenham aplicado os maiores percentuais de reajuste, outros têm taxas ainda maiores. O “campeão” é o Itaú, que cobra nada menos do que 632% de juros ao ano do cliente que cai no rotativo do cartão de crédito.

Para a economista do Idec, o aumento das taxas de juros do cartão acendem um alerta para o consumidor, já que, em tempos de crise, o uso do cartão tende a se intensificar pela facilidade de acesso e pelo incentivo dos bancos a essa modalidade de crédito. “Isso acaba contribuindo para o endividamento excessivo do consumidor”, aponta Ione. 

 Taxa de juros do cartão de crédito 

Banco

Janeiro 2015

Julho 2015

Variação da taxa de juros
(de jan. a jul.)

 

Ao mês

Ao ano 

Ao mês 

Ao ano 

Ao mês 

Ao ano 

Caixa

5,71%

94,78%

7,38%

134,96%

29% 

42%

Banco do Brasil

10,30%

224,40%

11,91%

285,98%

16%

27%

Bradesco

14,05%

384,44%

15,10%

440,37%

7%

15%

HSBC

14,27%

395,63%

15,04%

437,09%

5%

10%

Santander 

15,42%

458,83%

16,06%

497,23%

4%

8%

Itaú

17,95%

624,69%

18,05%

632,15%

1%

1%

Fonte: Banco Central – elaboração: Idec

 

Cartão lidera inadimplência
 
Segundo dados do Banco Central, em julho, o rotativo do cartão de crédito era a modalidade com pior índice de inadimplência efetiva: 37%. Ou seja, mais de um terço dos consumidores que utilizam o rotativo do cartão não conseguem pagar as faturas em dia. 

De acordo com Ione Amorim, a inadimplência no cartão explica-se tanto pelas altas taxas de juros quanto pelo incentivo que os bancos dão ao uso dessa linha de crédito. “Nas pesquisas que o Idec está fazendo este ano com esses seis bancos, constatamos que cinco deles enviaram cartão de crédito sem solicitação logo após a abertura de conta. Na segunda fase da pesquisa, três desses bancos recusaram empréstimo pessoal, que tem taxa de juros bem mais baixas, no valor de R$ 300, mas liberaram limites altos no cartão de crédito”, relata a economista. “Ou seja, há um claro incentivo das instituições financeiras à modalidades mais caras de crédito, sobretudo ao cartão. E o resultado disso é que o consumidor compromete sua renda excessivamente e não consegue pagar suas dívidas”, conclui.

Inadimplência por linha de crédito

Modalidade

jul/15

Cartão de crédito rotativo

37,0%

Cheque especial

14,9%

Aquisição outros bens

9,9%

Crédito pessoal não consignado

7,1%

Crédito consignado privado

5,4%

Aquisição veículos

3,9%

Crédito consignado público

2,2%

Crédito consignado INSS

1,7%

Crédito imobiliário

0,7%

Cartão de crédito parcelado

0,5%

Fonte: Banco Central

 

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