Fernando Vasques propõe um novo olhar para as coisas importantes da vida em primeiro EP

Artista escolheu a viola caipira para ser a base das canções, o que levou a uma sonoridade telúrica

Da Redação

São Paulo é uma cidade caótica, movimentada e rápida. Foi apenas em parte da pandemia que foi possível que ruas antes lotadas de gente fossem vistas vazias. Mas foi na São Paulo pré-pandemia, que Fernando Vasques morava quando se inspirou e escreveu a canção “Rapaz Capaz de Paz”.

A música também dá nome ao EP, que já está disponível em todas as plataformas de streaming, ganhou um videoclipe e traz um pouco da visão do que é realmente importante na vida. Foi vendo a dualidade entre a vida na cidade grande e em Botucatu, interior de São Paulo, que Fernando trabalhou no novo EP. E esse foi o processo de muitas pessoas também durante a quarentena. “Será que estou dando valor as coisas certas?”, foi a pergunta que muita gente se fez.

“Eu queria passar a ideia de que estamos de passagem aqui e que, conscientes disso, sejamos protagonistas de nossas vontades de realização no mundo, mesmo diante de todas as adversidades, venturas e desventuras. Esse ‘rapaz capaz de paz’ pode ser para mim um peregrino em exercício constante de ter paz e de ser instrumento de paz, porém, sendo ele canção, desejo que ele encontre seus sentidos afetivos particulares em cada pessoa que cruzar seu caminho”, conta Fernando Vasques.

O EP é formado por 4 canções. Fernando escolheu a viola caipira para ser a base de todas as músicas, o que levou as músicas a uma sonoridade telúrica. E é só dar uma olhada nos artistas que ele cita como influências importantes para seu trabalho, que dá para entender bem de onde esse som vem: Tonico e Tinoco, Bealtes, Belchior, Elomar, Raul Seixas, Almir Sater, Alceu Valença, Bob Dylan, Secos e Molhados, Simon and Garfunkel, entre outros.

“A viola caipira apareceu para mim em minha estreia no teatro, ocasião em que eu executava a trilha sonora de um espetáculo e atuava. Depois disso, a viola foi ganhando cada vez mais a minha preferência para compor. Por sua sonoridade cheia e pela própria influência da música caipira raiz, a viola foi me conduzindo por esse caminho de uma poética singela e direta. Acabou se tornando minha principal ferramenta de composição. Não pela virtuose dos ponteios e floreios, mas pela acolhida harmônica dentro desse universo poético que tanto me encanta e que esse instrumento me oferece”, reflete Fernando.

Lançando numa pandemia

O disco sai em momento muito difícil para todos os artistas seja em qualquer área de atuação. Para Fernando Vasques não foi diferente, o disco que estava previsto para sair ainda em 2020, acabou tendo seu lançamento postergado para 2021, mas ao mesmo tempo, o artista atravessou grandes mudanças pessoais.

“Eu queria pontuar a travessia deste ano [2020] com poesia e canção. Tirando toda a fragilidade que a pandemia nos inseriu, sobretudo para nós artistas que dependemos das aglomerações do público para realizar nosso trabalho.  Esse ano vivi um momento muito mágico da vida – o nascimento de minha filha no mês de abril. E continuo vivendo a intensidade de cada evolução dela e tendo a oportunidade de acompanhar tudo de perto. Mas também vivi os percalços da falta de perspectiva e me mantive na luta pelas políticas culturais aqui no município”, explica Fernando.

Faixa a Faixa 

“Rapaz capaz de paz” é a canção que dá o nome do EP e a primeira faixa do álbum. Essa foi uma composição feita no período que morei em São Paulo, ocasião em que saturado da rotina agitada da cidade, externei nesses versos com uma harmonia e melodia singela as minhas inadequações e anseios daquele momento.

“Dia Azul” foi feita em Botucatu, partindo de um lá menor com nona, a melodia e os acordes seguintes foram se anunciando naturalmente como a travessia de um dia. Poeticamente faço essa alusão cromática às sensações causadas pelas relações com a natureza no cotidiano.

“O acaso vem de trem” foi uma canção composta em São Paulo também. Mais uma vez tendo como disparador meus contrapassos de interiorano na metrópole.  Ela já nasce com a intenção de ser simples e de traduzir poeticamente as minhas expectativas daquele momento. O motor desses versos foi a repetição e persistência em extrair melodia e palavras de dois acordes menores, sol menor e ré menor.

“E o fim se fez por onde comecei” foi feita em Botucatu, de um modo que já utilizei, por exemplo, em meu primeiro single ‘para o dia atravessar’, em que a partir de uma forma harmônica e melódica fixa, crio uma sequência de estrofes para compor a narrativa. Esse mecanismo cíclico dialoga diretamente com a poética da letra e fecha o EP com essa proposição de novos começos.

Mais sobre Fernando Vasques

O cantor e compositor Fernando Vasques começou a tocar quando ainda era muito novo. Sua casa era um ambiente totalmente musical, com rodas de violão a cada reunião familiar. Ganhou um violão do tio e dele não se separou mais. “Eu já era fascinado pelo poder da canção de pontuar momentos significativos da vida, de produzir reflexões ou simplesmente encantar”, conta. Depois de investigar sonoridades e arranjos mudou para a viola caipira, instrumento que está presente em todas suas composições em seu primeiro EP “Rapaz Capaz de Paz”, previsto para janeiro de 2021. Foi estudando com diversos mestres de Botucatu e no Conservatório de Tatuí que apurou seu traço musical. Fernando tem três singles lançados: “Para o dia atravessar”, “O velho” e “Minério de fé”. O EP “Rapaz Capaz de Paz” é composto por quatro faixas autorais e dá continuidade às suas investigações poéticas de composição autoral a partir da viola caipira. As etapas de produção, como gravação, mixagem e masterização do EP, composição de identidade visual e edição da vídeo-canção, foram possíveis graças a um financiamento coletivo que mobilizou o público e apoiadores do artista.

Fernando também é integrante e cofundador da Companhia Beira Serra de Circo e Teatro, organizador do projeto “Café das Cinco – Encontro de Compositores de Botucatu e do Mundo”, com o amigo João Paixão e colabora no “Dandô – Circuito de Música Dércio Marques”.

Redes Sociais

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