Ao navegarmos nas redes, temos a sensação de que a vida das outras pessoas é maravilhosa
Da Redação
Nas redes sociais, estamos sempre acostumados a ver publicações, fotos e vídeos de momentos de alegria de nossos amigos e conhecidos. Jantares em bons restaurantes, viagens, corpos perfeitos esculpidos na academia, promoções no trabalho e momentos em família. Mas será mesmo que a “grama do vizinho é mais verde que a nossa”?
Segundo a psicóloga Sueli Cominetti Corrêa, em muitas situações, ao olharmos e navegarmos nas redes, temos a sensação de que a vida das outras pessoas é sempre maravilhosa, sem dificuldades e desafios. Mas não podemos esquecer que aquela foto ou aquele vídeo são um registro, um fragmento do dia da pessoa e não o dia inteiro. Não sabemos dela fora das redes. Além disso, hoje em dia, há uma “produção” por trás de muitas fotos, cuidado com os melhores ângulos, uso de filtros… o que vemos é mesmo real?
“Independentemente de ser real ou fake, as pessoas se comparam muito com o que é postado e tendem a depreciar sua própria realidade e vitórias em relação ao que assistem. Aplaudimos o outro e minimizamos nossa própria vivência. Os seus feitos podem não parecerem tão ‘bonitos e famosos’ quanto as que estão nas redes, mas são reais. Publicadas ou não, são da sua realidade e merecem sua valorização”, acrescenta.
Ainda segundo a especialista, o ser humano tem uma tendência a mostrar em rodas sociais apenas os melhores aspectos da vida e alimentar a imagem que quer que tenham dele. “As redes sociais são espelhos que refletem apenas o que nós escolhemos mostrar aos seguidores. Somos mais do que mostramos e algumas pessoas são muito diferentes do que de fato mostram” opina a especialista.
Não há nenhum problema em compartilhar com o mundo sua alegria, mas há sim se isto vira uma obrigação ou se isto vira uma referência a ser seguida. O ponto central para evitar as comparações, segundo Sueli, é entender que cada ser humano é único e que a caminhada é diferente para cada um.
“As conquistas dependem muito da história de vida da pessoa, dos seus objetivos pessoais, seus desejos… pessoas são diferentes e dedicam tempo para coisas diferentes. Há pessoas que valorizam mais a aparência, o vestuário e postarão materiais a este respeito. Outras, valorizam mais seus feitos profissionais: cursos, encontros, prêmios… outras adoram postar o que fazem em família”, lembra.
Na opinião de Sueli, é válido quando nos inspiramos no que vemos ou assistimos. Novos sonhos, novos projetos podem até serem construídos, mas eles precisam fazer sentido para nós.
“Podem servir como novas referências, mas não como parâmetros de como deve ser nossa vida ou termômetros se somos felizes ou não. Comparações podem ser muito perigosas! Não somos os outros. Não podemos viver a vida dos outros. Não podemos comparar o que é diferente e se insistirmos nisso, esquecemos quem somos”.
O comportamento de se comparar, segundo a psicóloga, pode fazer o indivíduo experimentar muita ansiedade e rebaixamento da autoestima, adoecendo psicologicamente.
“A felicidade não tem uma métrica específica e alcança índices diferentes para cada pessoa. É importante buscar o autoconhecimento para entender quais são as suas motivações e aspirações, e a partir disso buscar sua própria felicidade”, acrescenta Sueli.
Dicas importantes para evitar as comparações:
Cada pessoa é única: todos nós temos trajetórias de vida singulares, que nos tornam únicos. E são essas experiências diferentes que impactam nas nossas escolhas, decisões, caminhos e conquistas. Por isso, a comparação é sempre perigosa, tanto para quem se compara como com quem é comparado. Todos nós estamos seguindo nossos próprios caminhos, com as dores e delícias inerentes a cada ser. Lembre-se também, nem tudo o que é postado é real ou aconteceu exatamente daquela forma.
Prepare-se: resultados virão após investimento de tempo e trabalho. Um emprego dos sonhos e aquela viagem incrível acontecem depois de empenho e dedicação. Se você quer muito algo, precisa trabalhar para conquistar. Não pense que o artista famoso das redes sociais recebeu o sucesso “de graça”. Poucas vezes as conquistas de uma pessoa caem do céu: tudo na vida precisa de preparo, dedicação e trabalho. Além disso, a fama pode comprometer a intimidade e a liberdade de fazer algumas coisas. Expor-se demais tem um preço alto.
Foque em você: quando nos comparamos com outra pessoa, acabamos esquecendo da pessoa central da nossa história, que somos nós mesmos. Podemos ter como inspiração as conquistas de outras pessoas, mas só nós sabemos quais as que podem nos fazer felizes.
Comemore as conquistas: lembre-se que a conquista final é apenas a cereja do bolo, e que o caminho percorrido até a chegada é o que mais importa e o que mais nos agrega em experiências, conhecimento e vivências. Não deixe de comemorar as conquistas diárias, pois para vencer uma guerra é preciso vencer, antes, muitas batalhas.