No ano passado, o Ministério também incluiu como grupo prioritário pessoas portadoras de papilomatose respiratória recorrente (PRR), condição rara que provoca o crescimento de tumores benignos nas vias respiratórias. Segundo o órgão, estudos demonstram os benefícios da vacina do HPV como tratamento adjuvante para a doença. Também passaram a receber o imunizante pessoas de todas as idades usuárias de PrEP (profilaxia pré-exposição ao HIV).
Por que se vacinar
Existem mais de 200 tipos de vírus HPV, categorizados entre baixo risco e alto risco de desenvolvimento de câncer, e a vacina quadrivalente do Butantan protege contra os tipos mais prevalentes (6, 11, 16 e 18). Um dos grandes problemas relacionados a esse vírus é a dificuldade de diagnóstico – muitas vezes, ele não causa sintomas nem lesões aparentes, e pode ficar latente no organismo durante anos.
No mundo, o HPV está presente em cerca de 25% a 50% da população feminina e 50% da masculina. A cada ano, o vírus é responsável por 620 mil casos de câncer em mulheres e 70 mil casos em homens, segundo a OMS. A vacina é a única forma segura e eficaz de prevenir esses cânceres. Para uma proteção mais efetiva, o ideal é receber o imunizante antes do início da atividade sexual, entre os 9 e 14 anos, quando há mais chance de ainda não ter tido contato com o vírus.
Um estudo conduzido no Brasil entre 2018 e 2020 pelo Ministério da Saúde, em parceria com o Hospital Moinhos de Vento de Porto Alegre (RS), analisou a prevalência do HPV no país e a efetividade da vacina na prevenção da infecção. Entre os indivíduos não vacinados, a prevalência de HPV geral e de alto risco foi de 58,6%.
Outro dado importante revelado pela pesquisa foi que a taxa de infecção por tipos de HPV contidos na vacina quadrivalente diminuiu entre a primeira fase do estudo (2016-2017) e a segunda (2021-2023). A redução ocorreu tanto em pessoas vacinadas como não vacinadas, mostrando que a vacinação ajuda a reduzir a transmissão do vírus na população.
Nos últimos anos, a cobertura vacinal de HPV em meninas no Brasil sofreu uma queda, de 87% em 2019 para 75% em 2022. Nos meninos, a redução foi de 61,55% em 2019 para 52,16% em 2022. Em 2023, a taxa de vacinação voltou a crescer para 80% no público feminino e 60% no público masculino. Apesar do aumento, os números ainda estão distantes da meta de 90% preconizada pela OMS, necessária para de fato controlar as infecções.
A segurança e eficácia do imunizante a longo prazo também já foram comprovadas em outros locais do mundo. Na Suécia, por exemplo, pesquisadores acompanharam durante dez anos mais de 1 milhão de mulheres vacinadas e não vacinadas contra o HPV, com idades entre 10 e 30 anos. Nas mulheres que não tomaram vacina, foram registrados 538 casos de câncer de colo de útero; já nas vacinadas o número de casos foi de 19.
Quem pode tomar a vacina no SUS
• Crianças de 9 a 14 anos
• Adolescentes de 15 a 19 anos que nunca tomaram a vacina (de acordo com as recomendações de cada município)
• Pessoas com HIV, transplantados de órgãos sólidos, de medula óssea ou pacientes oncológicos na faixa etária de 9 a 45 anos
• Vítimas de abuso sexual, imunocompetentes, de 15 a 45 anos (homens e mulheres) que não tenham tomado a vacina HPV
• Usuários de Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) de HIV, com idade de 15 a 45 anos, que não tenham tomado a vacina HPV ou estejam com esquema incompleto (de acordo com esquema preconizado para idade ou situação especial)
• Pacientes com Papilomatose Respiratória Recorrente a partir de 2 anos de idade