Botucatu: professora é obrigada a retirar banner de deus egípcio após reclamação de vizinhos

Banner foi colocado em abril, como forma de decorar e proteger a casa

Da Redação

Um banner de cinco metros com o desenho de uma personificação do deus egípcio Anubis, presente de um aluno, tornou-se um imbróglio para a professora de cultura e medicina egípicia, Thais Boscariol. Isso porque o objeto que estendeu há alguns meses, em sua casa, na Rua Dr. Cardoso de Almeida, em Botucatu, causou repulsa de alguns moradores do entorno de seu endereço que pediam a retirada.

O banner foi colocado em abril, como forma de decorar e proteger a casa. O estandarte tem autoria do grafiteiro Vinícius Skyze, que também foi aluno de Thais, e é uma representação do deus da vida e morte no antigo Egito. Com a forma de um chacal, o personagem era responsável por conduzir os mortos na jornada do pós-morte. Na atualidade, representa força e proteção, servindo como força, proteção e guia.

O que era para ser uma peça decorativa na frente da casa teria despertado, segundo a professora, a revolta de algumas pessoas que reclamaram diretamente com a proprietária da casa que aluga. Com isso, Thais foi notificada pela imobiliária para que fizesse a retirada do banner, sob a alegação de que poderia caracterizar como comércio.

“Moro há quinze anos em Botucatu e sempre ensinei sobre a cultura egípcia e as representações que ela possui. Na pandemia comecei a dar minhas aulas de forma online, como muitas pessoas passaram a trabalhar desse modo. Mas nunca fiz atendimento aqui, que é onde moro. Então não é comércio. O banner tem somente um desenho de Anubis, que é um personagem importante até hoje para os egípcios. Não há indicação de que aqui seja espaço comercial”, disse.

Para evitar penalidades contratuais, ela resolveu fazer a retirada do banner no dia 27 de junho. O ato, filmado e compartilhado em rede social, gerou repercussão e apoio. Ela diz não saber de quem é a autoria da queixa e diz que, ao contrário, a abordavam para perguntar sobre a imagem e pedir uma fotografia. “Algumas pessoas paravam e contemplavam o banner. Um colombiano chegou a tirar uma foto e mostrar que tinha uma tatuagem de Anubis”, completa.

Segundo ela, alguns advogados a orientaram a prestar queixa sobre possível intolerância religiosa e até mesmo abuso de poder. “Falaram para a dona que aqui fariam ritual satânico. Isso é um absurdo. Sou espiritualizada como as pessoas que reclamaram. Isso é preconceito por ignorância, pois não sabem o real significado da imagem. Senti-me mal quando recebi a notificação e fiz a postagem para mostrar que não descumpri o contrato. Mas tenho recebido muitas mensagens de apoio e indignação pela retirada”, conclui.