Botucatuense relata clima de tensão após atentados na Bélgica
Monique Martins Gomes está desde novembro em cidade próxima a Bruxelas. Segundo ela, atentado mudou a rotina no país
por Flávio Fogueral
Os atentados da manhã desta terça-feira, 22 de março, no metrô e aeroporto de Bruxelas (Bélgica), capital da União Europeia, deixaram 34 pessoas mortas e mais de 130 feridas, a maioria no aeroporto internacional, onde estão localizados boa parte dos edifícios administrativos da UE. A ação terrorista, que consistiu em três explosões, foi reivindicada pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI).
O clima de tensão se instaurou no país, com o governo belga elevando o nível de segurança ao máximo. As explosões ocorrem quatro dias após a prisão de Salah Abdeslam, suspeito em participar da série de atentados a Paris, em 2015, com mais de 130 mortos.
Dentro deste clima de tensão e expectativa pelo desenrolar da ação das autoridades, está a botucatuense Monique Martins Gomes que, desde novembro de 2015, vive na cidade de Hasselt (a 50 minutos de Bruxelas) para cursar doutorado na Universiteit Hasselt. Segundo ela, os dias que antecederam os atentados já eram de certa tensão pois a prisão de Salah Abdeslam ocorrera na Bélgica. A ação terrorista a pegou de surpresa e imediatamente informou a amigos e familiares que estava bem por meio de uma rede social.
"Não passei proximo aos locais onde ocorreram os ataques hoje. Acordei com muitas mensagens de amigos preocupados, porque sabem que moro próximo. Me arrumei e vim para a universidade, trabalhar normalmente. As aulas aqui não foram canceladas, mas o diretor pediu estado de alerta para qualquer suspeita", explica Monique.
A estudante morou em Botucatu por mais de uma década, onde graduou-se em Logística pela Faculdade de Tecnologia de Botucatu (Fatec). Logo após, fez mestrado pela USP de São Carlos e morou durante algum tempo nos Estados Unidos devido a um intercâmbio. Por meio de um convênio entre a USP e a Universiteit Hasselt iniciou o doutorado na Bélgica.
Ela relata que o clima é de alerta. Muitos dos colegas de departamento não foram ao trabalho devido aos ataques. "Acredito que pelo susto e porque dependem de trem. Sinceramente ainda não consegui me concentrar no trabalho, porque só se fala disso e o alerta é alto devido ao risco de novos ataques ocorrerem. A poucos dias, um dos suspeitos dos ataques a Paris foi visto na estação de trem da minha cidade", salienta.
"Saí do Brasil, na semana do ataque em Paris. Esse foi o primeiro ataque em Bruxelas, desde que cheguei na Bélgica em Novembro. Mas o país ja estava em alerta de risco, porque muitos terroristas estão nessa redondeza. Estou sempre em Leuven (cidade ao lado de Bruxelas), onde meu namorado mora. Meu sogro trabalha no aeroporto que foi atacado, mas esta bem. O aeroporto foi fechado, os voos foram cancelados.. transporte público não está funcionando", complementa.
Mesmo com o clima de alerta e de possíveis novos ataques, Monique diz que não pensa em retornar de imediato ao Brasil. "Diante dos fatos no Brasil e das muitas tragédias, como a tragedia em Mariana, que ocorreu próximo à data em que ocorreram os atentatos em Paris, o que penso é que não estamos seguros em lugar nenhum. Não há como prever coisas desse tipo. Tenho um voo nesse aeroporto que foi atacado quinta-feira pela manhã. Ainda não sei o que farei e como a situação estará até lá. Mas Deus é comigo", conclui.