por Bruno Pascoal
Talvez eu deva falar sobre as empresas que detém o direito de explorar o transporte coletivo em Botucatu.
Talvez eu deva falar sobre essa fantasiosa concorrência que existe entre as mesmas.
Talvez eu deva falar sobre o lucro gerado pelo suor do cidadão botucatuense.
Talvez eu deva falar sobre a fantasia de que horários são cumpridos. Assim como os itinerários.
Talvez eu deva falar que quem faz o calculo de horários e itinerários não precisam pegar “busão”.
Talvez eu deva falar que os donos, ou seria o dono, dessas empresas não precisam pegar “busão”.
Talvez eu deva falar que nenhum de vocês, senhores de gravata, não precisam pegar “busão”.
Talvez eu deva lembrar que caso essa prosa se estenda eu não tenho como voltar para casa, porque não se tem mais horários de “busão”.
Talvez eu deva falar dos estudantes que não tem uma renda elevada e sacrificam seu orçamento apertado para estudar.
Talvez eu deva falar dos nossos trabalhadores que esperam mais de uma hora para chegar em seus lares depois do expediente para verem suas famílias.
Talvez eu deva lembrar que as distancias percorridas e a quantidade de passageiros em Botucatu são iguais a de São Paulo, afinal nos somos uma mega metrópole de cento e vinte mil habitantes.
Talvez eu deva falar sobre a desculpa deslavada de que se têm menos pagantes cada ano que passa.
Talvez eu deva lembrar que nasce muito mais do que morre.
Talvez eu deva falar do cartel do combustível em Botucatu.
Talvez eu deva lembrar que se o combustível abaixar logicamente a tarifa tem que abaixar.
Talvez eu deva falar sobre o nosso poder publico que governa para os detentores da bufunfa, do cascalho, da moneta.
Talvez eu deva falar e lembrar de muitas outras coisas.
Bruno Pascoal está prestes a completar 23 anos, é botucatuense, trabalha na Caio e estuda na Fatec de Botucatu.
* O texto de Bruno foi lido durante a sessão da Câmara Municipal, do dia 1° de julho.