Câncer de ovário é letal, silencioso e de difícil prevenção e tratamento

Câncer de ovário é menos frequente que o câncer de mama, mas é mais perigoso

Da Agência USP

Menos comum, mas mais letal que o câncer de mama, as chances de cura do câncer de ovário são de aproximadamente 30% a 40%. O alerta é que são esperados cerca de 7.300 novos casos no Brasil, enquanto nos casos do câncer de mama são esperados 73 mil. O professor Jesus Paula Carvalho, médico chefe da equipe de Ginecologia Oncológica do Icesp, Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, elucida a questão.

Ele explica que o câncer de ovário é muito menos frequente que o câncer de mama, mas é mais perigoso. “Ele também guarda algumas relações com o câncer de mama. No aspecto genético, pacientes com câncer de ovário têm risco aumentado de câncer de mama. Nós estamos esperando, para o período de 2023 a 2025, em torno de 7 mil novos casos. A característica desse tumor é que, apesar de ser menos frequente, é muito letal. A maioria dos pacientes acaba perecendo pela doença.”

Ele conta que estão havendo esforços para se chegar a melhores formas de tratamento e prevenção, mas que, por enquanto, não houve sucesso. “No caso do câncer de ovário nós não temos ainda exames eficazes. Muitos estudos foram feitos nas últimas décadas, alguns deles com populações enormes. No Reino Unido, quase 200 mil mulheres foram submetidas a exames de rastreamento. No entanto, no fim das contas, não houve impacto na redução da mortalidade.”

Para o professor, isso se deve a alguns fatores: “Primeiro, o câncer de ovário se manifesta quando já está em estágio avançado. Isso porque a célula que dá origem à versão mais agressiva do câncer de ovário se origina nas tubas uterinas e não no ovário. Esse é um conhecimento novo, a célula do câncer de ovário mais frequente, que se chama carcinoma seroso de alto grau, também o mais grave, se origina nas tubas uterinas”.

Manifestação tardia

O professor segue explicando que as abordagens para a pesquisa da doença podem necessitar de uma mudança de enfoque. “Estamos em uma encruzilhada de mudar o enfoque em relação à prevenção do câncer de ovários. Até então, todos os exames chamados de prevenção se baseiam em procurar a doença no ovário com ultrassonografia. No entanto, o método já detecta a doença avançada. Se pensarmos que a doença começa nas tubas uterinas, que é um órgão que não conseguimos ver por esses exames, o recomendável é que a gente tente identificar a doença via análise genética. As portadoras dessas mutações, já conhecidas hoje, têm chances muito maiores de desenvolver a doença”.

O professor alerta que a recomendação para mulheres portadoras da mutação é a retirada das tubas uterinas. “A recomendação hoje, por todas as sociedades médicas, é que a mulher com uma mutação genética de alto risco deve fazer uma cirurgia de retirada das tubas uterinas aos 35 anos de idade. O tema é sensível, pois muitas mulheres estão planejando ter filhos nessa idade. No entanto, a recomendação se mantém, pois o risco de morte da paciente é muito alto em caso da manutenção da situação”, finaliza.

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